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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Homilia do 15º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 10 DE JULHO DE 2016

Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP

“Um samaritano chegou perto dele, viu e moveu-se de compaixão”

Leituras: Deuteronômio 30, 10-14; Salmo 68 (69), 14.17.30-31.33-34; Carta de São Paulo aos Colossenses 1, 15-20; Lucas 10, 25-37.

COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus, somos convocados a abraçar o mandamento do amor, que se traduz em obras concretas de fraternidade, como ressalta a parábola do “bom samaritano”. Este mandamento está ao nosso alcance para ser colocado em prática como testemunho de vida cristã. Mas para isso é preciso que a Palavra de Deus habite em nosso coração e nossa boca professe a fé com a ousadia dos primeiros cristãos.

1. Situando-nos
Neste domingo, prosseguindo sua caminhada para Jerusalém, Jesus revela sua imensa misericórdia. Para mostrar ao mestre da Lei quem é o próximo, conta uma parábola exemplar, a qual é como um espelho para a pessoa se enxergar e dar-se conta de suas atitudes e consequentemente mudar de vida.

Temos diante de nós a atitude do sacerdote, a do levita e a do samaritano. Este último usou de misericórdia e compaixão para com o homem que caiu nas mãos dos assaltantes: cuidou de suas feridas, fazendo curativos e derramando óleo e vinho; transportou-o para uma pensão em seu próprio animal, assumiu as despesas e ainda recomendou cuidados ao necessitado.

Vivenciando o Ano Jubileu da Misericórdia celebramos hoje a Eucaristia, ápice da compaixão e da misericórdia para conosco. Podemos apreender d’Ele, como também do bom samaritano, uma atitude permanente de compaixão e misericórdia para com todos. Não basta só saber quem é o próximo, é preciso se fazer próximo, independente de raça, cor, religião etc.

2. Recordando a Palavra
O texto do Evangelho de hoje está inserido na viagem de Jesus para Jerusalém (cf. 9,51-19,28), que culmina na morte e ressurreição. Durante sua caminhada, Jesus faz o bem, ensina como segui-lo (cf. 9,57-62), envia os setenta e dois discípulos e escuta-os no retorno da missão (cf 1-,1-24).

Após exultar de alegria por Deus ter revelado os mistérios do Reino aos pequeninos, Jesus é abordado por um especialista da lei: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” (10,25). Jesus devolve a pergunta e o remete às Escrituras: “O que está escrito na Lei”? (10,26). O mestre da lei responde: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” (10,27). O mestre judeu recorda o mandamento principal do amor total a Deus, o único, e que era retomado na oração cotidiana do shemá (Ouve, Israel; cf., Dt 6,5). Ele lembra também que o mandamento do amor ao próximo já está presente em Lv 19,18.

O amor a Deus e o amor ao próximo resumem os seiscentos e treze preceitos da lei. Esse duplo mandamento é a alma, a vida de todos os outros. Somente o amor dá sentido à lei e a justifica. O amor abrange todas as dimensões do ser humano. O caminho para possuir a vida eterna é amar a Deus e ao próximo. “E quem é o meu próximo”? (10,29), pergunta o especialista da lei. Jesus responde através de uma narrativa exemplar: “o bom samaritano”.

Segundo Lv 19,33-34, próximo era todo israelita e também o estrangeiro inserido na mesma comunidade. Mas no tempo de Jesus tinham sido acrescentadas algumas restrições. Assim os pecadores, os não observantes da lei, eram facilmente excluídos. O samaritano socorre um homem ferido por assaltantes, enquanto descia de Jerusalém para Jericó. Provavelmente o homem assaltado e espancado é um judeu. Entre judeus e samaritanos existe hostilidade racial. Mas a vítima é socorrida justamente por um samaritano, desprezado pelos judeus por causa de sua raça miscigenada.

É o samaritano, no entanto, quem mostra fidelidade ao ensinamento da Torá. O sacerdote, encarregado das oferendas dos sacrifícios e de outras funções no templo, vê o homem ferido, mas passa adiante. O levita, que, no templo, exercia uma função subordina aos sacerdotes, vê igualmente a pessoa machucada, mas prossegue o caminho. Como funcionários do culto, eles seguiam as prescrições de pureza ritual.

Jesus, porém, ensina que o culto não pode ser separado da prática da misericórdia, Jesus ensina a sermos misericordiosos como o nosso Pai é misericordioso (cf. 6,36). Ele manifesta a compaixão de Deus, acolhendo as pessoas necessitadas e doentes (cf. 1713; 18,38).

Semelhante a Jesus, o samaritano “viu e sentiu compaixão” (10,38). Ele se aproxima da pessoa e cuida de seus ferimentos, desinfeta as feridas com vinho e coloca óleo para acalmar a dor, aliviar a inflamação (na época, o óleo e o vinho eram usados como elementos curativos). Em seguida, o samaritano carrega o homem ferido em seu animal e leva-o a uma pensão. Além disso, cuida para que seja atendido durante a sua ausência e assume as despesas de comida e hospedagem, o denário para o salário de uma jornada de trabalho (cf. Mt 20,2).

Depois de contar toda a história, Jesus pergunta ao especialista da lei: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (10,36). Ele reconhece que o samaritano foi o verdadeiro próximo, pois agiu com misericórdia. Então, Jesus o impele a ser também “próximo”, sendo compassivo com as pessoas: “Vai e faze a mesma coisa” (10,37).

Jesus interpreta o mandamento do amor ao próximo, que já era exigido por Lv 19,18, de forma nova, abolindo os preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais. O caminho para a vida é o amor solidário, a gratuidade revelada a todas as pessoas, superando o modo arbitrário de considerar o próximo como objeto de caridade. Com o exemplo do bom samaritano, Jesus abre uma perspectiva nova na organização das relações humanas.

A primeira leitura do livro do Deuteronômio é uma parte do discurso iniciado no capitulo 29. Essa mensagem foi elaborada principalmente no século VI a.C., durante o exilio na Babilônia. Em meio ao sofrimento causado pelo exilio, a lembrança do grande líder Moisés motivava o povo a buscar o Senhor. O povo é chamado à conversão, a voltar-se para Deus com todo o coração e com toda a alma (cf. 30,10). É necessário escutar a voz de Deus, observar seus mandamentos, renovar a aliança, a comunhão com seu projeto de libertação.

O mandamento que o Senhor propõe não é superior às nossas forças, nem está fora do nosso alcance; não está nas alturas do céu, nem do outro lado do mar (cf. 30,11-13). “Esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir” (30,14). Seguindo a Palavra de Deus, os seus ensinamentos, o ser humano encontra o caminho da vida. “Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes” (30,19).

Com o Salmo 68(69), elevemos nossa súplica confiante ao Senhor, com a certeza de que Ele ouve nossa oração e nos socorre em nossas fraquezas. Que Ele venha sempre em nosso auxilio e nos ajude a cumprir em nossa vida a sua palavra.

A segunda leitura, tirada da Carta aos Colossenses, apresenta um hino sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado e Salvador. Celebra Cristo na ordem da criação (cf. 1,15-17) e na obra da redenção (cf 1, 18-20). Cristo é proclamado como Senhor do universo. “Cristo Jesus é a imagem do Deus invisível” (1,15), uma imagem em tudo igual ao Pai, pois n’Ele reside a plenitude da divindade. A imagem do Deus invisível torna-se visível em Cristo através da encarnação na história humana. Cristo é “o primogênito de toda a criatura”, pois todas as coisas, as do céu e as da terra, foram criadas n’Ele e para Ele. Ele é o Filho de Deus desde sempre, a quem devemos servir unicamente.

Mediante a vida, a morte e a ressurreição, Cristo oferece a salvação. Como criador e redentor. Ele transmite vida plena a toda a humanidade. Assim como todos os seres foram criados em Cristo, também foram reconciliados n’Ele. O pecado havia instaurado a desarmonia no universo. Mas a morte e a ressurreição de Jesus Cristo efetuam uma reconciliação de abrangência cósmica.

Todos os seres da terra e do céu foram reconciliados em Cristo e paz foi estabelecida “pelo sangue da sua cruz” (1,20). Cristo comunica vida ao ser humano pela redenção. Também a comunica à Igreja, seu corpo. A vida que Ele oferece aos membros de seu corpo os une em comunhão na missão a serviço do Reino.

3. Atualizando a Palavra
As leituras de hoje nos levam a rever nossas opções.  Uma revisão a partir do coração. Como o especialista da lei, precisamos ouvir a narrativa exemplar do bom samaritano, para que, através deste espelho, sejamos capazes de enxergar e avaliar a nossa prática. O amor de Deus só tem sentido se for entrelaçado existencialmente com o amor ao próximo.

O samaritano praticou a verdadeira religião da vida, agindo com compaixão, como Cristo, que se fez próximo de nossa humanidade ferida e sofredora. Para enxergar o próximo que está ao nosso lado e sermos misericordiosos e solidários, é preciso sair de nós mesmos, superando todos os tipos de barreiras e preconceitos.

O bom samaritano nos ensina a viver a misericórdia com o próximo. Para seguir com fidelidade o projeto de Jesus não é suficiente saber a doutrina corretamente ou praticar apenas ritos religiosos. É necessário viver a misericórdia para com as pessoas, sejam elas quais forem.

Há muitas formas de sermos misericordiosos. Entre elas podemos destacar as ações solidárias desenvolvidas pela Pastoral da Criança. Muitas pessoas dedicam-se incansavelmente a esse trabalho, como a doutora Zilda Arns fazia. Que as sementes plantadas por ela, com tanto dinamismo e esperança, continuem produzindo muitos frutos. “A trajetória da Pastoral da Criança é repleta de história de esperança, conquistas, superação das dificuldades e transformação da realidade.

O acompanhamento das famílias e crianças em cada comunidade é um exemplo do que a sociedade organizada é capaz de fazer na busca de soluções para os problemas sociais. No entanto, mais do que crescer e salvar vidas de crianças, de mulheres, de homens, de gente acompanhada, orientada, iluminada pela vontade de ajudar, de ver crianças crescendo e se desenvolvendo. São muitos os números que cercam esse trabalho de sucesso, mas o mais importante dos dígitos não foi e nunca será contabilizado: a transformação social das comunidades, que tem como protagonistas os próprios voluntários e famílias acompanhadas” (Cf. www.pastoraldacriança.org.br).

Essas e outras ações solidárias são frutos da compaixão. São muitas as pessoas caídas nas estradas, feridas, perdidas, com medo, sem esperança. Permanece o apelo do Senhor que exige de nós uma atitude de compaixão e de solidariedade: “Vai e faze a mesma coisa”.

Como discípulos (as) de Jesus, caracterizados pelo amor (cf. Jo 13,34), somos chamados a repetir o gesto solidário do bom samaritano, socorrendo as pessoas necessitadas. Cristo, o Senhor do universo, que reconciliou todos os seres do céu e da terra mediante a entrega por amor, nos ensine a viver a compaixão, a misericórdia, a gratuidade sem medida.

4. Ligando a Palavra com a ação eucarística
Nesta celebração litúrgica, entramos em relação com o Deus misericordioso e compassivo, através de Cristo, principio e primogênito, cabeça do corpo que é a Igreja. Celebrando o mistério pascal do Senhor, somos transformados para uma vida nova. É um caminho, um processo. Exige entrega e capacidade de retomar, de converter-se com todo o coração e com toda a alma, o que se dá também na ação litúrgica.

Deus vem ao nosso encontro, ao encontro das nossas fraquezas e limites. Temos esta certeza e, por isso, pedimos: “Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que eram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, a abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração do Dia).

Jesus, o Bom Samaritano, vem até nós, cura as nossas feridas, restitui nossa dignidade. Tendo experimentado tão imenso amor e bondade em nossa vida, ressoa em nós o mandato: “Vai e faze a mesma coisa”. O envio é significativo: “Arrisquemos viver movidos pela compaixão”.

PRECES DOS FIÉIS
Presidente: Contemplamos o amor misericordioso do Pai que enviou Jesus como o Bom Samaritano para curar nossas feridas e nos conduzir nos caminhos da eternidade.
1. Senhor, que nosso Papa Francisco, nosso Bispo Vilson, sacerdotes e diáconos, em comunhão com o Espírito Santo, guiem o povo com exemplos, palavras e ações. Peçamos:
Todos: Ouvi-nos, Senhor.

2. Senhor, que os governantes, possam exercer a função do bom samaritano, realizando uma política pública do bem-estar e saúde para a sociedade. Peçamos:

3. Senhor, que nossa comunidade saiba reconhecer em nossos irmãos e irmãs, o nosso próximo, para que esteja sempre pronta para ajudá-los. Peçamos:

4. Senhor, que todos os doentes encontrem força e fé para superar suas dores. Peçamos:
(Outras intenções)

Presidente: Deus de bondade, concedei-nos a força do vosso amor para que possamos manifestá-lo a cada momento ao nosso próximo. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Acolhei, ó Deus, as oferendas da vossa Igreja em oração, e fazei crescer em santidade os fiéis que participam deste sacrifício. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Alimentados pela vossa Eucaristia, nós vos pedimos, ó Deus, que cresça em nós a vossa salvação cada vez que celebramos este mistério. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

V. RITOS FINAIS

AGENDA DO BISPO DIOCESANO:

DIA 09 – Sábado: Crisma – São Luiz Gonzaga – 19h00 – Americana – Padre Paulo Henrique.

DIA 13 / 14 /15 /16 e 17 - Encontro Nacional da Pascom – Aparecida.


BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco
Todos: Ele está no meio de nós.

Presidente: Que o Senhor os abençoe e os torne cada vez mais próximos dos irmãos e irmãs necessitados.
Todos: Amém.


Presidente: (Dá a bênção e despede a comunidade).

"A catequese não prepara simplesmente para este ou aquele sacramento. O sacramento é uma consequência de uma adesão a proposta do Reino, vivida na Igreja (DNC 50)."

Documento Necessário para o Batismo e Crisma

Certidão de Nascimento ou Casamento do Batizando;

Comprovante de Casamento Civil e Religioso dos padrinhos;

Comprovante de Residência,

Cartões de encontro de Batismo dos padrinhos;

Documentos Necessários para Crisma:

RG do Crismando e Padrinho, Declaração de batismo do Crismando, Certidão ou declaração do Crisma do Padrinho, Certidão de Casamento Civil e Religioso do Padrinho/Madrinha e Crismando se casados.

Fonte: Catedral São Dimas

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Reflexão

REFLEXÃO

A porta larga que o mundo oferece para as pessoas é a busca da felicidade a partir do acúmulo de bens e de riquezas. A porta estreita é aquela dos que colocam somente em Deus a causa da própria felicidade e procuram encontrar em Deus o sentido para a sua vida. De fato, muitas pessoas falam de Deus e praticam atos religiosos, porém suas vidas são marcadas pelo interesse material, sendo que até mesmo a religião se torna um meio para o maior crescimento material, seja através da busca da projeção da própria pessoa através da instituição religiosa, seja por meio de orações que são muito mais petições relacionadas com o mundo da matéria do que um encontro pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Passar pela porta estreita significa assumir que Deus é o centro da nossa vida.

reflexão sobre o Dízimo

A espiritualidade do Dízimo

O dízimo carrega uma surpreendente alegria no contribuinte. Aqueles que se devotam a esta causa se sentem mais animados, confortados e motivados para viver a comunhão. O dízimo, certamente, não é uma questão de dinheiro contrariando o que muitos podem pensar. Ele só tem sentido quando nasce de uma proposta para se fazer a experiência de Deus na vida cristã. Somos chamados e convocados a este desafio.

Em caso contrario, ele se torna frio e distante; por vezes indiferente. A espiritualidade reequilibra os desafios que o dízimo carrega em si. "Honra o Senhor com tua riqueza. Com as primícias de teus rendimentos. Os teus celeiros se encherão de trigo. Teus lagares transbordarão de vinho" (Pr 3,9-10). Contribuir quando se tem de sobra, de certa forma, não é muito dispendioso e difícil. Participar da comunhão alinha o desafio do dízimo cristão.

Se desejar ler, aceno: Gn 28, 20-22; Lv 27, 30-32; Nm 18, 25-26 e Ml 3, 6-10.

Fonte : Pe. Jerônimo Gasques

http://www.portalnexo.com.br/Conteudo/?p=conteudo&CodConteudo=12

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