Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos, RJ
Na quaresma, tempo de renovação e luta espiritual em que mergulhamos no essencial da vida cristã, nos deparamos com a figura exemplar de São José, o Custódio nutrício e paternal do Redentor. Neste tempo em que esquecemos muitas vezes da interioridade e do serviço humilde e despretensioso na paciência e mansidão, percebemos em São José um pai que exerce sua missão com responsabilidade amorosa cuidando e protegendo a Sagrada Família que lhe foi confiada pelo Senhor.
Descobrimos ao seu contato a importância da abertura ao mistério, a viver sempre na presença habitual de Deus, fazendo com docilidade e obediência acontecer o projeto do Reino. Aprendemos com ele, o trabalho harmonioso que dignifica e embeleza a Criação, tornando-se dom e partilha. Valorizamos especialmente sua capacidade de ver além das aparências e cultivar o silêncio que é plenitude de comunicação e significado.
Num mundo barulhento, apressado e prosaico, seu perfil orante e sua solicitude na Guarda e amparo, nos ensinam a buscar o essencial, na pobreza e no estilo de vida sóbrio e alegre dos pequenos. Te-lo por mestre e guia da nossa vida espiritual nos leva a testemunhar o cuidado amoroso com todas as pessoas e criaturas, gerando paz e comunhão na terra.
No seu encalço e inspiração alcançamos a prática das pequenas, mas indispensáveis virtudes do lar que fazem grata e atraente a convivência familiar como a gentileza, a diligência cooperadora, a escuta atenta, a alegria em dar e doar-se, a condivisão e partilha dos bens e busca permanente da vontade de Deus.
Finalmente consideramos em São José sua vida identificada claramente com os migrantes, refugiados, trabalhadores e pobres, que o acompanharam na sua missão e itinerário existencial, compartilhando esperanças, sofrimentos e as dificuldades do caminho. Que na celebração da sua festa consigamos resgatar a beleza da paternidade fecunda e bondosa de quem ama e se dá por inteiro na sublime missão de cuidar da vida, da família e de toda Criação, revelando o Rosto misericordioso e compassivo do Pai, que nos convida a edenizar a Terra e a sermos uma só família. Deus seja louvado!
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