Vilson
Dias de Oliveira
Diocese
de Limeira
"João
é o seu nome” - (Lc
1,63)
Leituras:
Isaías 49,1-6; Salmo 138; Atos dos Apóstolos 13,22-26; Lc
1,57-66.80.
COR
LITÚRGICA: BRANCA
Antífona
de entrada:
Houve
um homem enviado por Deus: o seu nome era João. Veio dar testemunho
da luz e preparar para o Senhor um povo bem-disposto a recebê-lo (Jo
1,6s; Lc 1,17).
Animador:
A Igreja celebra com muita alegria o nascimento de São João
Batista. Continua a ser para os homens e mulheres de hoje um grande
modelo: de fidelidade ao Senhor, de humildade, de coragem, de
serenidade. Vamos aprender com ele a amar a Jesus vivo aqui no meio
de nós e que ele apresentou ao mundo.
ORAÇÃO
DO DIA
Presidente:
Ó Deus, que suscitastes São João Batista, a fim de preparar para o
Senhor um povo perfeito, concedei à vossa Igreja as alegrias
espirituais e dirigi nossos passos no caminho da salvação e da paz.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Todos:
Amém.
1.
Situando-nos brevemente
Nesta
solenidade, a Palavra de Deus apresenta-nos a figura profética de
João Batista. Escolhido por Deus para ser profeta, ainda antes de
nascer, ele é um “dom de Deus” ao seu Povo. Sublinhando a
importância de João na história da salvação, a liturgia não
deixa, contudo, de mostrar que João não é “a salvação”; ele
veio, apenas, dirigir o olhar dos homens para Cristo e preparar o
coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para
chegar.
Além
da Virgem Maria Mãe de Deus, Nossa Senhora, de nenhum outro santo a
Igreja celebra o nascimento, a não ser de São João Batista. Dele,
Jesus fez o maior elogio jamais feito pelo Salvador a alguém: “Em
verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum
maior que João, o Batista” (Mt 11,11). Por isso, a solenidade de
hoje!
2.
Recordando a Palavra
A
primeira leitura apresenta-nos uma misteriosa figura profética,
eleita por Deus desde o seio materno, a fim de ser a “luz das
nações” e levar a Palavra ao coração e à vida de todos os
homens. Impressiona especialmente a centralidade que Deus assume na
vida do profeta: toda a missão profética brota de Deus e
sustenta-se de Deus.
Na
segunda leitura, Paulo fala aos judeus de Antioquia do profeta João.
Na perspectiva de Paulo, a missão de João consistiu em convidar os
homens a uma mudança de vida e de mentalidade, numa espécie de
primeiro passo para acolher o “Reino” que Jesus veio, depois,
propor. Paulo deixa claro que João não é o Messias libertador, mas
sim aquele que vem preparar o coração dos homens para acolher o
Messias.
O
Evangelho relata o nascimento de João. Na perspectiva de Lucas, os
acontecimentos ligados ao seu nascimento mostram como o profeta João
é um “dom de Deus”. Começa, nessa altura, a tornar-se claro
para todos que Deus está por detrás da existência de João, e que
a sua missão é ser um sinal de Deus no meio dos homens.
3.
Atualizando a Palavra
Que
lições, que meditações, que exemplos poderíamos colher nesta
Solenidade, tendo escutado a Palavra que nos foi anunciada? Sugiro
três caminhos reflexivos, que alimentem o coração, afervorem o
desejo de colocar-se ao serviço do Senhor e nos conduzam à herança
eterna.
A
primeira leitura dessa Liturgia nos fez escutar a profecia de Isaías,
colocando as palavras do profeta na boca de João Batista. O que
aparece neste texto bíblico é que viemos a este mundo não por
acaso, não sem um propósito. Somos todos frutos de um sonho de
Deus, fomos todos misteriosamente chamados à vida: o Senhor pensou
em nós, nos chamou, nos plasmou – e aqui estamos!
O
nascimento que hoje celebramos, do filho de Zacarias e Isabel, foi
fruto do desígnio amoroso do Pai, que pelo Filho Jesus e para o
Filho Jesus, na força do Espírito Santo, plasmou João. Por isso
seu nome é tão verdadeiro: “Iohanah”, em hebraico: Deus dá a
graça! Ele mesmo, João, já é uma graça de Deus para seus pais e
para todos os que esperavam a salvação de Israel.
Hoje,
quando um mundo insensível e descrente já não reconhece que a vida
é um mistério de amor, é um chamado de Deus, quantos são
abortados, quantos deixados de modo indigno e imoral no frio
congelamento dos laboratórios de procriação artificial: lá
esquecidos, lá manipulados em inaceitáveis experiências
pseudocientíficas!
Nós
que ouvimos a Palavra de Deus; nós, que nos alegramos com este
nascimento, nunca esqueçamos: toda vida humana é sagrada do
primeiro ao último instante do nosso caminho terreno. É imoral,
perverso e desumano um governo que reduz a questão do aborto a
problema de “política pública”. Que o Senhor nos ajude a
defender a vida, a gritar por ela! Que o Senhor também nos dê a
sabedoria para descobrir e experimentar que a nossa vida – por
quanto pobre e pequena – também é preciosa! Que hoje eu me
pergunte: Qual o propósito da minha existência? Já o descobri? Já
me conformei a ele? Sou vosso, Senhor, de vós nasci e para vós
nasci! Que quereis fazer de mim?
Em
segundo lugar, ainda que a vida nossa seja fruto do amor do Senhor,
isso não significa facilidades. João deveria preparar o caminho do
Messias, do Cristo de Deus. E isto iria custar-lhe: “Eu disse:
‘Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente;
entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus me dará
recompensa’”.
O
grande desafio da nossa vida de crentes é viver na presença de
Deus, é ser fiel à sua santa vontade e à missão que ele nos
confiou. Ser fiel à missão custou a João: a dureza do deserto, as
incompreensões dos inimigos, a trama de Herodíades, a dificuldade
de perceber a vontade Deus (basta recordar João perguntando a Jesus:
“És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”- Mt
11,3) e, finalmente, o aparente abandono, o aparente absurdo do
silêncio de Deus, na solidão e na morte naquele cárcere.
O
que manteve João fiel até o fim? A confiança no Senhor, a
capacidade de deixar-se guiar por Deus, sem querer ele mesmo
controlar sua vida! Grande João! Fiel João! Pobre de Deus, João!
Que exemplo para nós, tanta vez tentados a fazer da vida o que bem
queremos, como se nascêssemos de nós mesmos e vivêssemos para nós
mesmos! “Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor! (Rm
14,8)”.
Certa
vez São Paulo escreveu: “Nenhum de nós vive para si…” (Rm
14,7) Desde o ventre materno, o Senhor chamou João para ser o que
prepara o caminho, o que vem antes, o “pré-cursor” Toda a sua
existência foi “precursar”! No terceiro evangelho isso aparece
de modo comovente: anuncia-se o nascimento de João e depois o de
Jesus; narra-se a natividade de João e a seguir a do Messias;
apresenta-se o ministério de João e, após sua prisão, o do
Salvador; finalmente, narra-se a morte de João, prenúncio da morte
do nosso Senhor!
Não
é fácil não viver para si, não é fácil deixar que Outro seja o
centro! E, no entanto, como diz a segunda leitura, “João declarou:
‘Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Depois de mim vem
Aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias’”; “É
necessário que ele cresça e eu diminua!”
Santo
profeta João Batista: sendo humilde, foi o maior dos nascidos de
mulher; sendo totalmente preso à sua missão de modo fiel e
constante, foi livre de verdade; sendo todo esquecido de si e
lembrado de Deus, foi maduro e feliz! Por isso mesmo, seu nome foi
verdadeiro e traduziu perfeitamente seu ser e sua missão: João,
Iohanah: Deus dá a graça.
E
a graça que, para seus pais, foi João no seu nascimento, na verdade
era outra graça: a graça que Deus dá é Jesus, o Messias; graça
que João anunciou com seu nascimento, com sua vida, com sua pregação
e com sua morte!
4.
Ligando a Palavra com a Ação Eucarística
Ao
recordar hoje, cheios de alegria, o nascimento do Precursor, louvemos
a Deus que faz maravilhas nos Seus santos. Eles são a Sua obra
prima. São João Paulo II lembrava-nos repetidas vezes que Deus nos
chama a todos à santidade, como tinha recordado o Concílio Vaticano
II. É para isso que estamos no mundo.
Ser
santo é ser feliz. A Igreja recorda com alegria em cada ano os seus
santos. E o povo, mesmo não cristão, aproveita os santos populares
para manifestações de alegria. Como que a dizer que a santidade é
fonte da verdadeira felicidade já na terra.
Celebrar
a festa de São João Batista é ouvir o apelo de Deus a sermos
santos, sem medo do sacrifício que a vida de cada dia nos pede. Os
santos descobriram o segredo da alegria já neste mundo. E o caminho
para ela não é fácil, exige sacrifício, luta de todos os dias.
Que
este grande profeta, o maior do Antigo Testamento, do céu interceda
por nós!
Oração
dos fiéis:
Presidente:
Irmãos
caríssimos, imploremos humildemente a Deus Pai, que manifestou sua
misericórdia enviando João Batista como precursor de seu Filho.
Todos:
Senhor,
escutai a nossa prece.
1.
Pelo
bem de todos e a paz da sociedade, para que cada um possa desempenhar
convenientemente seu trabalho, e que sejam protegidos os direitos de
todos, rezemos:
2.
Pelos
judeus, para que saibam reconhecer em Jesus o Salvador do mundo, como
João apontou, rezemos:
3.
Pelos
pobres e os perseguidos, para que o Senhor faça resplandecer neles o
caminho da salvação, rezemos:
4.
Por
todos nós que estamos aqui reunidos, para que nos apresentemos ao
Senhor como povo bem-disposto, rezemos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Deus,
abençoai o vosso povo para que possa obter tudo quanto lhe
concedestes pedir, confiando na intercessão de São João Batista. É
o que nós vos pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco
vive e reina para sempre. Todos:
Amém.
LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Ó
Deus, acorremos ao altar com os nossos dons, celebrando com a devida
honra o nascimento de São João Batista, que anunciou a vinda do
Salvador do mundo, e o mostrou presente entre os homens. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos:
Amém.
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO:
Presidente:
Restaurados,
ó Deus, à mesa do Cordeiro divino, concedei que a vossa Igreja,
alegrando-se pelo nascimento de São João Batista, reconheça no
Cristo, por ele anunciado, Aquele que nos faz renascer. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos:
Amém.
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Presidente:
O
Senhor esteja convosco.
Todos:
Ele está no meio de nós.
Presidente:
Abençoe-vos
o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo.
Todos:
Amém.
Presidente:
Ide
em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Todos:
Graças a Deus.