DIOCESE DE LIMEIRA
5º. DOMINGO
DA PÁSCOA - 19 de
maio de 2019
“VÓS DEVEIS AMAR-VOS UNS AOS OUTROS” Jo 13,34
LEITURAS:
1ª Leitura: At 14,21b-27
Salmo Responsorial: Sl 144
(145),8-9.10-11.12-13ab (R/. cf.1)
2ª Leitura: Ap 21,1-5a
Evangelho: Jo
13,31-33a.34-35
COR
LITÚRGICA: Branco ou Dourado.
Durante o
Tempo Pascal o Círio, símbolo do Cristo ressuscitado, deve ser destacado no
espaço celebrativo. Ele que nos amou aos extremos, ilumina-nos e fortalece-nos
pela Palavra e pela Eucaristia a que nos doemos uns aos outros.
ANIMADOR
O Ressuscitado nos exorta que amemos uns aos outros, Aleluia!
Neste dia do Senhor, a Comunidade reúne-se para a Ceia do
Ressuscitado. Ele, que doou sua vida em favor dos seus, deixa-nos o exemplo a
que também nos amemos uns aos outros. É o amor entre os irmãos que revela a
presença do Senhor Ressuscitado na Comunidade, e a conduz a perseverança
mediante a oração, a escuta da Palavra e comunhão fraterna. Que também em nosso
meio seja manifestado o amor do Senhor!
CONTEXTUALIZANDO
A PALAVRA
Sendo o tempo pascal como um só
dia de festa, nos é dada a oportunidade de compreender e experimentar melhor o
amor de Deus que Jesus revela por meio dos ritos litúrgicos e que devem
alcançar a totalidade da vida de seus discípulos.
Neste período, oportunamente, a
Igreja é convidada a portar-se como o Cristo Ressuscitado, porque está imbuída
do seu Espírito. Com razão, Tertuliano chamava atenção para o fato de que estes
cinqüenta dias que se estendem, desde a Vigília Pascal, chama-se “Pentecostes”,
pois seu Espírito, que é amor, foi derramado no coração dos fiéis. E para
estes, durante este tempo, não cabe nenhuma atitude ou gesto de tristeza.
Este texto situa-se no contexto do
Último Discurso de Jesus, na Ceia Pascal.
Começa logo após a saída de Judas para trair Jesus, depois que Jesus lhe
disse “o que você pretende fazer, faça-o
logo” (Jo 13, 27). Com a licença
oficial dada ao agente de Satanás para iniciar o processo que iria matá-lo,
Jesus começa o processo da sua glorificação.
A sua fidelidade ao projeto do Pai vai levá-lo à Cruz, que, no Quarto
Evangelho, não é um sinal de derrota, mas da vitória última e permanente de
Deus. Por isso, a morte de Jesus, aparente vitória do mal, será a glorificação
de Jesus, e nele, do Pai.
O anúncio da sua partida, para os
judeus uma ameaça, é para a comunidade dos seus discípulos um momento de emoção
e carinho. A sua última dádiva a eles é
um novo mandamento: “eu dou a vocês um
novo mandamento: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem
se amar uns aos outros” (v 34).
RECORDANDO A
PALAVRA
A Liturgia da Palavra se abre com
um breve relato das viagens paulinas retirado dos Atos dos Apóstolos. Lucas
narra sucintamente uma assembleia, provavelmente litúrgica, da comunidade de
Antioquia, ponto de partida do itinerário missionário de Paulo e Barnabé. Nela,
os dois apóstolos do Evangelho têm a ocasião de contar “tudo o que Deus fizera
por meio deles” (At 14,27).
O Salmo Responsorial repropõe
este evento, fazendo-nos a ele contemporâneo: “Bendirei o vosso nome, ó meu
Deus (...) que vossas obras, ó Senhor vos glorifiquem (...) narrem a glória e o
esplendor do vosso reino” (Sl 144, 1.10-11).
A perícope evangélica, por sua
vez, nos diz que esta glória se deu no Filho do Homem, isto é, em Jesus e
termina repropondo o mandamento do amor, uma vez que é mediante este amor que
os discípulos se dão a conhecer e também anunciam o próprio Jesus.
A glória de Deus em Jesus e a
experiência do amor de Cristo entre os irmãos parece ser o fim do evangelho
deste domingo. Tanto em grego quanto em hebraico, a palavra “glória”,
circunscrita ao ambiente da Escritura, refere-se ao esplendor de alguém, cujo
valor se deixa notar –se torna sensível, tangível – e envolve aqueles que a
contemplam (Saliente-se o fato que
“doxa”, fora do contexto bíblico significa também opinião. Esta acepção não
aparece nos escritos do Novo Testamento onde o termo grego é empregado. Já o
conceito fundamental de glória, honra e poder tributado não é comum fora das
Escrituras. Isto se explica pelo fato da palavra grega (“doxa”) ser a tradução
do hebraico bíblico kabod na versão dos Setenta {Bíblia Grega, também, chamada
Septuaginta}).
É um termo muito recorrente no
Novo Testamento e recebe um tratamento especial na obra joanina, uma vez que
Jesus é sempre apresentado como aquele que manifesta ao mundo a glória do Pai e
por este é glorificado.
Suas ações, suas opções, as
envergaduras de seu ministério são vistas sempre a partir de seu caráter
revelador de Deus. Aqui entra em cena o amor que Jesus confere aos seus, como
herança e condição, para que sejam reconhecidos como pertencentes ao seu grupo
de seguidores: “Nisto, todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns aos outros” (Cf. Jo 13,35).
Por sua morte e ressurreição,
Jesus condiciona a experiência de amor a seu caráter epifânico – revelador – do
amor que Deus nos dedica.
ATUALIZANDO A
PALAVRA
A segunda leitura nos apresenta um
trecho do livro do Apocalipse de São João em que se anuncia a superação de toda
tristeza, porque há um novo céu e uma nova terra como “chão” e “tenda” sobre os
quais repousará a humanidade descansada e feliz (Cf. Ap 21, 1.4).
Este desejo de felicidade,
tranquilidade e paz habita o nosso mundo. Quantos e quantas não se esforçam por
criar condições reais de segurança para que seus filhos e filhas possam brincar
e ser felizes! Desde os mais pobres até os mais abastados, a busca por uma vida
boa é uma constante na vida. Os meios para que se realize tal desejo, no
entanto, nem sempre são os mais condizentes com o Evangelho.
Há os que se corrompem aquilo que
não lhes pertence, e está designado para o sustento e promoção do povo, como o
fizeram aqueles do famoso caso do mensalão ou aqueles políticos tidos como
“ficha-suja”. Homens e mulheres desta categoria pertencem a um mundo que já não
existe segundo a Páscoa do Senhor, pois por meio desta não há lugar para
sofrimento e dor: “o primeiro céu e a primeira terra passaram, o mar (lugar de tribulações) já não existe
[...] a morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor,
porque passou o que havia antes [...]. Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 1.4-5).
O que existe é uma nova cidade que
desposou com Deus e participa de seu beneplácito, porque promove a justiça e a
fidelidade à aliança. Há quem faça objetos a esta verdade de fé, apontando os
sinais de morte que se espalham ao redor. Mas, sabemos que esta verdade se
cumpre à medida que o amor de Cristo habita os cristãos e dá contorno à sua
existência.
É preciso que este amor tenha a
proporção do amor de Cristo, (Cf. Aclamação ao Evangelho (Jo 13,34)), pois toda
injustiça surge quando o amor é nossa medida (Cf. Evangelho da Quarta-Feira de Cinzas: “Cuidado para não praticar a
vossa justiça diante dos homens”).
Este amor e tão fundamental para a
comunidade dos discípulos de Jesus que deve ser tornar o seu sinal
característico: “assim todos reconhecerão
que vocês são meus discípulos” (v. 35).
Mais do que uma lista de doutrinas, mais do que práticas litúrgicas ou
rituais, embora essas tenham o seu lugar e a sua importância, é o amor mútuo e
concreto que deve distinguir os discípulos de Jesus.
O livro dos Atos dos Apóstolos nos
lembra que “foi em Antioquia que os
discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de “cristãos” (At 11,26).
Receberam uma nova designação, da parte dos outros, porque a sua maneira de
viver era marcadamente diferente das outras comunidades religiosas da cidade –
era marcada pelo amor mútuo. O Evangelho de hoje nos convida para que
honestamente nos examinemos a nós mesmos, para verificar se este amor-serviço
ainda é a marca característica de nós, discípulos e discípulas de Jesus, na
nossa vida individual e comunitária.
LIGANDO A
PALAVRA COM A AÇÃO LITÚRGICA
A Oração do Dia calca no coração
da assembleia a liberdade e a herança que provém do Senhor por meio de uma
súplica a Deus, que nos configurou como homens e mulheres novos ao nos tratar
como filhos e filhas.
Esta liberdade e herança, com a
qual somos impelidos a progredir na vida, tem sua síntese no amor de Cristo que
nos une e reúne (Cf. Aclamação da
Assembleia à saudação apostólica (“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de
Cristo) e no Rito do abraço da Paz (“O
amor de Cristo nos uniu”). A Eucaristia é celebrada para que os fiéis
abracem a nova vida.
Na verdade, para que façam a
páscoa da antiga à nova, conforme a oração depois da comunhão (Cf. Oração depois da comunhão em que se
diz: “fazei passar da antiga à nova
vida aqueles a quem concedestes a comunhão com os vossos mistérios”). Porém
esta vida nova se dá em Cristo, quer dizer, à medida que Deus permanece em nós
e sua glória se faz notar como ocorreu em Jesus, quando da sua paixão e cruz.
Por essa razão, a oração que fecha o rito da comunhão começa suplicando: “Ó
Deus de bondade, permanecei junto ao vosso povo”.
Segundo o testemunho patrístico,
a reunião eucarística era precedida da experiência do amor fraterno e este era
o fruto mais genuíno da celebração. Por isso, muito nos alenta a fala do Papa
Clemente Romano, no final do século primeiro:
“Todos alimentáveis sentimentos de humildade, sem arrogância,
mais dispostos a obedecer do que a mandar, mais felizes em dar do que em
receber. Satisfeitos com as provisões que Cristo vos dava e atentos às suas
palavras, vós as guardáveis cuidadosamente em seu coração, trazendo os seus
sentimentos diante dos vossos olhos. Deste modo, a todos era concedida uma paz
profunda e esplendia e um desejo insaciável de fazer o bem, pela abundante
efusão do Espírito Santo. Cheios de um santo desejo, e com alegria, estendíeis
as vossas mãos para Deus todo-poderoso, implorando a sua misericórdia, quando
involuntariamente cometíeis algum pecado. Combatíeis, dia e noite, pela comunidade
dos irmãos, a fim de conseguir, graças a essa misericórdia e sentir comuns, a
salvação de todos os eleitos. Éreis sinceros, simples e sem malícia para com os
outros. Abomináveis toda revolta e todo cisma, choráveis os pecados do próximo,
consideráveis vossas as suas necessidades. Éreis incansáveis em toda espécie de
bem-fazer, sempre prontos para toda boa obra. Adornados por uma vida cheia de
virtude e digna de veneração, tudo fazíeis no temor de Deus. Os mandamentos e
preceitos do Senhor estavam inscritos no vosso coração”
(Clemente Romano - Carta aos Coríntios).
Talvez pela importância dos
cristãos, de todos os tempos, trazerem consigo, impregnado em sua corporeidade,
a herança eterna do amor de Cristo, o rito da Paz (ósculo/abraço) sempre foi muito querido dentro das celebrações
eucarísticas e, mesmo com as turbulências históricas, nunca desapareceu
completamente.
ORAÇÃO DA
ASSEMBLEIA
PRESIDENTE: Irmãos e irmãs, Jesus convida-nos a que
amemos uns aos outros, a semelhança do amor com que amou toda a humanidade. Em
prece, supliquemos para que os cristãos sejam sempre reconhecidos por imitarem
o exemplo de Jesus, o Ressuscitado:
R/. Senhor, que vosso amor
nos santifique!
01.
Pela Igreja de Deus, dispersa em toda a terra, para que anuncie
no testemunho de seus pastores e fiéis o amor com que o Senhor a amou, rezemos.
02.
Por nossos Pastores, continuadores diretos do apostolado de
Cristo, para que permanecendo firmes aos desígnios do Senhor, inspirem muitos
jovens a também se unirem-se a Ele, mediante uma autêntica resposta vocacional,
rezemos.
03.
Pelas autoridades de nosso País, para que se dediquem na promoção
da caridade, sobretudo entre os mais necessitados, afim de que seja
testemunhado o Cristo frente as muitas realidades sociais, rezemos.
04.
Pelos cristãos perseguidos por causa do Evangelho, para que não
se sintam desamparados, mas intimamente ligados por seus sofrimentos ao
sofrimento de Cristo, rezemos.
05.
Por nós, que nos congregamos hoje para a Ceia do Senhor, para
que em torno desta Mesa de irmãos e a partir dela, jamais nos façamos
indiferentes as dores e aos sofrimentos alheios, mas lutemos para que todos
sintam-se acolhidos e fortalecidos pelo amor de Jesus, rezemos.
PRESIDENTE: Senhor,
nosso Deus, amparai em vosso amor os vossos filhas e filhas que vos dirigem em
assembleia suas preces e intenções. Dai-nos a graça de Vos servir em todo tempo
e lugar, permanecendo firmes no amor de Vosso Filho. Ele que é Deus convosco,
na unidade do Espírito Santo.
ASSEMBLEIA: Amém.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
PRESIDENTE: Ó Deus, que, pelo sublime
diálogo deste sacrifício, nos fazeis participar de vossa única e suprema
divindade, concedei que, conhecendo vossa verdade lhe sejamos fiéis por toda a
vida. Por Cristo, nosso Senhor.
ASSEMBLEIA: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO
PRESIDENTE: Ó Deus de bondade, permanecei
junto ao vosso povo e fazei passar da antiga à nova vida aqueles a quem
concedestes a comunhão nos vossos mistérios. Por Cristo, nosso Senhor.
ASSEMBLEIA: Amém.
AVISOS
BENÇÃO
SOLENE:
TEMPO PASCAL, p. 523 do Missal Romano.
PRESIDENTE: Deus, que pela ressurreição do seu Filho único vos deu a
graça da redenção e vos adotou como filhos e filhas, vos conceda a alegria de
sua benção.
ASSEMBLEIA: Amém.
PRESIDENTE: Aquele que, por sua morte, vos deu a eterna liberdade,
vos conceda, por sua graça, a herança eterna.
ASSEMBLEIA: Amém.
PRESIDENTE: E,
vivendo agora retamente, possais no céu unir-vos a Deus, para o qual, pela fé,
já ressuscitastes no batismo.
ASSEMBLEIA: Amém.
PRESIDENTE: Abençoe-vos
Deus todo-poderoso, Pai e Filho + e
Espírito Santo.
ASSEMBLEIA: Amém.
PRESIDENTE: Ide, em paz e o Senhor vos acompanhe.
ASSEMBLEIA: Graças a Deus.