Conferência Nacional dos Bispos dos EUA
26.03.1987
Os fundamentalistas bíblicos são aqueles que apresentam a Bíblia, Palavra
inspirada de Deus, como a única e suficiente fonte necessária para ensinar
sobre Cristo e a vida cristã. A insistência [dos fundamentalistas] de ensinar a
Bíblia geralmente é acompanhada de um espírito generoso, amigável e pio. Isto
torna os fundamentalistas tão eficazes: sua generosidade, sua amabilidade, sua
gente jovem e idealista.
De acordo com o fundamentalismo, a Bíblia por si só é
o suficiente; não há lugar para o ensino universal da Igreja, nem para sua
sabedoria, seus ensinamentos, seus credos e outras formulações doutrinárias. [O
fundamentalismo] simplesmente não reivindica [para si] um ensinamento com
autoridade, visível e audível, para vincular o indivíduo ou a congregação. Sua
mensagem é evidentemente dirigida aos adolescentes e jovens adultos católicos,
especialmente àqueles que passam por problemas familiares, ou estão desiludidos
com a vida, a moralidade e a religião, ou que tiveram uma educação católica
seriamente inadequada nos fundamentos doutrinários e bíblicos, [deficiente] na
vida de oração e sacramentos. Para tais pessoas [referidas acima], buscar as
respostas em [pessoas] devotas, estudiosas, generosas, íntimas com a oração e a
Bíblia é de simples compreensão. De fato, um estudo atento do Novo Testamento
mostra que o discipulado deve ser uma experiência comunitária com a liturgia e
a liderança, o que demonstra a importância de se pertencer à Igreja iniciada
por Jesus Cristo. Cristo escolheu Pedro e os outros Apóstolos como fundamentos
da Sua Igreja. Ele fez de Simão Pedro a pedra fundamental e conferiu a
autoridade de ensino a ele e aos demais Apóstolos. Isto fica muito claro no
Evangelho de Mateus, o único a empregar a palavra ´Igreja´. A história destes
vinte séculos do Cristianismo confirma a nossa crença de que Pedro e os outros
Apóstolos foram sucedidos pelo Bispo de Roma e os outros Bispos, e que o rebanho
de Cristo continuam sob a Sua tutela, Pastor Universal. Por razões históricas,
a Igreja Católica não incentivou, no passado, o estudo da Bíblia como poderia
ter feito1. A impressão da Bíblia Latina, primeira obra impressa [no mundo], só
foi feita por volta dos meados do século XV. Através do Lecionário, o católico torna
se familiarizado com a Bíblia conforme o andamento do tempo litúrgico, a
experiência da Igreja e o uso da Bíblia na missa. A mudança que propomos agora
é fazer com que esse conhecimento atinja a mente, o coração e a vida de todo o
nosso povo católico. Precisamos de um plano pastoral para a Palavra de Deus,
colocando a Sagrada Escritura no coração da paróquia e da vida pessoal. [...]
Temos a urgente necessidade de por a Bíblia no coração da paróquia. [...] A
criatividade pastoral deve criar facilidades para a realização de estudos
bíblicos semanais e cursos bíblicos anuais em todas as paróquias. Precisamos
que o leitor prepare e apresente [ao povo da missa] a introdução de cada
leitura bíblica, de modo que demonstre intimidade e amor ao texto sagrado. Em
áreas onde ocorre um especial problema com o fundamentalismo, o pastor deve
incentivar o povo a trazer [de casa] suas próprias Bíblias e leitores
qualificados devem apresentar uma cuidadosa introdução ao texto [sagrado] sem,
porém, transformar a Liturgia da Palavra num curso bíblico. Precisamos melhorar
as homilias, pois ela é a forma mais eficaz de aplicação dos textos bíblicos à
vida cotidiana. Todo catequista, todo leitor e todo ministro devem se acostumar
a citar passagens bíblicas. [...] [De fato,] não temos feito o suficiente nesta
área. Os descuidos dos pais com a catequização e a fragilidade da nossa
educação de adultos geram agora uma terrível colheita. Precisamos educar,
reeducar o nosso povo a conhecer melhor a Bíblia, para revidar a simplicidade
[errônea] do fundamentalismo bíblico. Nós, católicos, precisamos redobrar os
nossos esforços para fazer das nossas missas paroquiais uma expressão de adoração,
na qual todas as pessoas, paroquianos, visitantes e estranhos sintam a
generosidade e as boas vindas, para que saibam que aqui a Bíblia é claramente
reverenciada e proclamada. A atual tendência ainda que tímida da formação de
grupos que estudam a Bíblia e compartilham a fé dentro de uma paróquia é,
portanto, altamente recomendado.