Começando nossa reflexão de hoje
gostaria de lembrar que a Lectio Divina é um método -
uma palavra que provém da língua grega- e significa caminho que se
percorre para atingir um objetivo.
Então a leitura orante tem um objetivo!
O grande objetivo da leitura orante é o encontro com o Senhor Jesus; é
experimentar sua presença viva; é deixar-se seduzir por Ele; é permitir que Ele
nos abra os ouvidos e os olhos para sua Palavra e para a realidade que vivemos
no nosso dia-a-dia; é alimentar a nossa espiritualidade sua presença e sua
palavra.
Na Bíblia encontramos vários exemplos de pessoas que abriram o coração,
“não para algo do Messias, mas ao próprio Messias” e, essa abertura de coração,
esse encontro com o Senhor é que possibilita iniciar um processo
de discipulado, de vida em comunhão com os irmãos, de testemunho do
Reino e de transformação da sociedade (cf. DAp 249).
Fazer a Leitura orante é como subir uma escada com quatro degraus ou
fazer quatro passos que nos levam ao encontro com Jesus o Mestre que nos ensina
como viver segundo os desejos de Deus: Leitura, Meditação, Oração e
Contemplação.
Geralmente quando planejamos uma viagem, costumamos nos preparar bem
para que a viagem seja a mais perfeita possível. Pois bem, para fazer o caminho
da Lectio Divina, para começar subir estes degraus, algumas
atitudes são fundamentais para que tenhamos êxito e o objetivo seja atingido:
1. Atitude de ESCUTA. A base da Leitura Orante é a escuta
atenta e obediente à Palavra. Assim como quando conversamos com alguém,
precisamos deixar que ele se expresse com sua própria linguagem, para não
interpretá-lo mal, assim deve ser com quem vai fazer a leitura orante: deixar
que a Palavra fale e acolher o que ela diz com coração aberto, dócil, obediente
e leal sem querer que a Palavra venha confirmar nossas idéias, mas deixar que
ela converta as nossas e nos capacite para a vida e o ministério que nos foi
confiado. Os resultados serão fantásticos!
Para facilitar essa escuta é necessário criar um clima de silêncio,
externo e interno. O Mestre Jesus nos ensinou a rezar com o coração. Ele ia
para a montanha e passava horas em diálogo com o Pai. Ele carregava em seu
coração as Escrituras e meditava sobre elas com muito amor. Quando
silencio o meu coração torno-me transparente diante de Deus, apresento-me como
realmente sou. Sendo quem sou, as Escrituras encontram no meu silêncio
uma verdadeira caixa de ressonância onde ecoará o amor de Deus. O silêncio do
coração é como a caixa do violão, onde o dedilhar das Escrituras faz soar a
bela melodia do Amor de Deus. O ambiente exterior (sala, quarto, altar,
canto etc) também contribui para o êxito da oração.
2- Assiduidade, regularidade e a gratuidade: realizar
a leitura orante de forma constante faz crescer na fé. Ser persistente e não
esperar resultados imediatos ao fazer a leitura orante. Nossa
tarefa é deixar que a lâmpada se acenda e cuidar para que ela se mantenha
acesa. Toda oração deve ser preparada com muito amor. Numa atitude de amor,
preparar a terra para receber a semente.
3- Atitude de Fé: acreditar que o texto
bíblico é inspirado, assim como o leitor também o é. Acreditar que o texto que
lemos é Palavra de Deus para nós, hoje.
4- Comunhão com a Igreja: A Escritura é um texto vivo
que transmite a experiência de uma comunidade viva. O texto bíblico deve ser
lido em comunidade. Mesmo ao fazer a leitura orante individual, é preciso ter
presente a dimensão comunitária do texto e de quem faz a leitura orante.
Quando feita individualmente, a leitura orante prepara os momentos em grupo.
5- Invocação ao Espírito Santo: Em comunhão com a
Igreja, pedir ao Espírito de Deus que abra nosso ser para nos inserir na
compreensão do mistério, da presença constante de Deus em nossa vida. O
Espírito Santo é o Mestre da oração. É o Espírito Santo que mantém entre nós a
presença de Jesus, caminho que leva ao Pai. Sem o Espírito Santo não há vida. Sem
ele não há oração.
Maria Cecília Rover
Assessora da Comissão Episcopal Pastoral
para a Animação Bíblico-catequética