Liturgia Diária Comentada 28/02/2013
2ª Semana da Quaresma - 2ª Semana do Saltério
Prefácio da Quaresma - Ofício do dia do Tempo da Quaresma
Cor: Roxo - Ano Litúrgico “C” - São Lucas
Antífona: 138,23-24 Provai-me, ó Deus, e conhecei meus pensamentos:
vede se ando pela vereda do mal e conduzi-me nos caminho da eternidade.
Oração do Dia: Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os
corações dos vossos filhos e filhas, para que, renovados pelo vosso Espírito,
sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
LEITURAS:
Primeira Leitura: Jr 17,5-10
Maldito o homem que confia no homem. Bendito o homem que põe sua
confiança no Senhor.
Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne
humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; como os cardos no deserto,
ele não vê chegar a floração, prefere vegetar-se na secura do ermo, em região
salobra e desabitada.
Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como
a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, e
por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre
míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos.
Em tudo é enganador o coração, e isto é incurável; quem poderá
conhecê-lo? Eu sou o Senhor, que perscruto o coração e provo os sentimentos,
que dou a cada qual conforme o seu proceder e conforme o fruto de suas obras. - Palavra do Senhor.
Comentando a Liturgia: Em quem se deve esperar? No
homem, afirmam muitos de nossos contemporâneos, que sonham libertar o mundo das
tutelas religiosas para confiá-lo totalmente às mãos do homem.
Sua confiança no homem é comovedora, mas segundo a linguagem do profeta
eles seriam malditos, iludidos. Acabam por serem homens sem esperança porque
lhes falta a confiança na ressurreição. Além disso, constatando a maldade
humana, concluem amargamente que o homem não merece confiança.
Só existe uma possibilidade de esperar no homem: esperar no homem Jesus
Cristo. Nele Deus nos dá a possibilidade de tornar tudo novo e de crer no
futuro. Nele a vida humana torna-se possível e vale a pena ser vivida.
É possível, então, esperar também nos outros homens, porque sua graça
pode transformá-los e torná-los corresponsáveis, mediante um engajamento fiel
no mundo, pela construção de um futuro melhor.
Salmo: 1,1-2.3.4.6 (R. Sl
39,5a)
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está
plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão
murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha
seca espalhada e dispersa pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
Evangelho: Lc 16,19-31
Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males; agora ele
encontra aqui consolo e tu és atormentado.
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: Havia um homem rico, que se
vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico.
Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso,
vinham os cachorros lamber suas feridas.
Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu
também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o
rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então
gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo
para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.
Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante
a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo
e tu és atormentado. E, além disso, há grande abismo entre nós: por mais que
alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí
poderiam atravessar até nós’.
O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai,
porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também
eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os
profetas, que os escutem!’
O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles,
certamente vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés,
nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos
mortos”’. - Palavra da Salvação.
Comentando o Evangelho (Antônio Carlos Santini / Com. Católica Nova
Aliança): Notável a parábola do “rico indiferente”, ou melhor, “parábola dos seis
irmãos”, como sugere J. Jeremias (“As Parábolas de Jesus”, Ed. Paulinas, 1983).
Parábola que pode ser lida com humor ou com tremor...
Uma narrativa em dois tempos: neste mundo, o pobre entre dores e o rico
entre gozos; no outro mundo, posições invertidas. E... para sempre, sem
remissão... Detalhe curioso: é a única parábola de Jesus em que um dos
personagens tem nome: Lázaro (ou Eleazar), que significa, em hebraico, “Deus
ajuda”. Já o apelido do rico indiferente – Epulão – é posterior e não consta do
original.
Entre os dois “tempos”, a morte como um limiar e uma virada, que tudo
multiplica por (–1), invertendo todos os valores. O mendigo sofredor acaba no
“seio de Abraão” (imagem do Céu), enquanto o rico gozador acaba atormentado no
inferno (dispensa imagens!). O rico tenta um recurso paradoxal: pede a Abraão
uma espécie de mediação do próprio Lázaro, para refrescar sua sede infernal. O
mesmo que, antes, negara migalhas de pão, agora suplica por uma gota d’água...
Como isto era impossível, pois um abismo intransponível (chaos magnum,
em latim) impede o contato entre céu e inferno, o condenado mostra preocupação
com seus cinco irmãos que ainda vivem na terra e – supõe-se – viviam um estilo
de vida semelhante ao que ele mesmo havia escolhido. Pede que o fantasma de
Lázaro vá alertá-los. E ouve do Pai Abraão a resposta: “Eles têm Moisés (a
Palavra escrita, lógos) e os Profetas (a Palavra viva, rhema). Basta ouvi-los!”
O ricaço ainda argumenta que a aparição de um morto teria mais impacto e
os levaria à conversão. E a crua resposta: quem não ouve a Lei e as Profecias,
também não daria ouvidos a um morto...
Quantas lições! Não se vive impunemente. Há uma retribuição
proporcional. Ficar surdo à Lei de Deus é coisa séria, de graves consequências.
A indiferença ao pobre é mortal!
Prefiro, contudo, fixar-me em uma única lição: existe um outro mundo.
Este mundo não é o único. Aliás, este é provisório, passageiro. O outro, sim, é
definitivo, tecido de eternidade. E viver como se nada houvesse além deste
mundo, é pura insanidade!
Para que mundo nós estamos vivendo?
INTENÇÕES PARA O MÊS DE FEVEREIRO:
Geral – Famílias migrantes: Que as famílias de migrantes
sejam amparadas e acompanhadas em suas dificuldades, sobretudo as mães.
Missionária – Vitimas das guerras e conflitos: Que os que
sofrem por causa das guerras e conflitos sejam protagonistas de um futuro de
paz.
TEMPO LITÚRGICO:
Tempo da Quaresma (CNBB-DL/2011): Vai da quarta-feira de Cinzas até
a missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da
Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a
dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou
preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais
frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração
do mistério pascal” (SC 109).
· Durante este tempo, é
proibido ornar o altar com flores, o toque de instrumentos musicais só é
permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4º
Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.
· A cor do tempo é
roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar cor-de-rosa. (IGMR nº308f)
· Em todas as Missas e
Ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.
· Nas solenidades e
festas somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deum e
o Glória.
· As memórias
obrigatórias que ocorrem neste dia podem ser celebradas como memórias
facultativas. Não são permitidas missas votivas (devoção particular).
· Na celebração do
Matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, deve-se sempre dar a bênção nupcial;
mas admoestem-se os esposos que se abstenham de demasia pompa.
Cor Litúrgica: ROXO - Simboliza a preparação, penitência ou
conversão. Usada nas missas da Quaresma e do Advento.
Fonte: CNBB / Missal Cotidiano
Ricardo e Marta - Comunidade São Paulo Apóstolo