DIOCESE
DE LIMEIRA – 2º DOMINGO DA PÁSCOA
Dom Vilson Dias de Oliveira
Bispo Diocesano de Limeira
23
de abril de 2017
“Felizes
os que creem sem terem visto!”
Leituras:
Atos dos Apóstolos 2, 42-47;
Salmo
117 (118), 2-4, 13-15.22-24 (R/1.1)
Primeira
Carta de Pedro 1, 3-9;
João
20, 19-31.
COR
LITÚRGICA: BRANCO
OU DOURADO
I.
RITOS INICIAIS
(Que
o Círio Pascal seja o grande sinal deste Tempo Pascal)
Animador:
Aleluia,
irmãos e irmãs, Jesus ressuscitou e está entre nós. A comunidade
está reunida e Jesus ressuscitado aparece e se coloca no meio deles,
mostrando os sinais de seu amor. Transmite-lhes sua paz e seu
Espírito. Tomé não estava, mas ao retornar faz a experiência com
o Senhor ressuscitado. Assim deveriam ser nossas comunidades, lugar
de experiência do encontro com o Senhor. Somos convidados a estar na
comunidade e escutar o Senhor ressuscitado que está no meio de nós,
concedendo sua paz e seu Espírito.
Situando-nos
Este
Segundo Domingo da Páscoa da confissão de fé de Tomé é
especialmente marcado pela fé batismal. O Ressuscitado novamente se
manifesta à comunidade dos discípulos para fortalecê-los na fé em
vista da missão.
Como
narra o evangelista, quem não está na comunidade não vê o Senhor.
A vida em comunidade favorece o cultivo da autêntica fé no
Ressuscitado. Oito dias depois, novamente Jesus põe-se no meio deles
e Tomé faz a sua grande profissão de fé, em comunidade. É na
comunidade que nos tornamos oculares da ressurreição.
A
certeza que o Senhor está vivo faz com que os discípulos vençam o
medo e a insegurança.
Como
os discípulos e Tomé, professemos nossa fé no Senhor Ressuscitado,
que passou pela paixão e pela morte. O Senhor nos ajude, pela
vivência de nosso batismo, a superarmos as expressões de morte,
para vivermos o tempo novo da ressurreição.
Recordando
a Palavra
A
leitura dos Atos dos Apóstolos sublinha ser o encontro com Cristo
ressuscitado quem constitui verdadeiras comunidades de irmãos e
irmãs. A comunidade ideal está centrada na comunhão fraterna, na
escuta da palavra, na fração do pão, memorial da Ceia do Senhor e
nas orações. A vida nova de comunhão com Jesus manifesta-se no
compromisso solidário com os irmãos: “Todos os que abraçavam a
fé, viviam unidos e colocam tudo em comum; repartiam o dinheiro
entre todos, conforme a necessidade de cada um” (2, 44-45).
O
louvor comunitário e a comunhão fraterna, a alegria e a
simplicidade revelam a eficácia da missão. O estilo alegre de vida,
no seguimento a Jesus e no serviço ao reino, interpela todo o povo e
assegura o crescimento contínuo da comunidade: “E, cada dia, o
Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas” (2,47), que
aderiam à sua proposta salvífica.
No
salmo 117 (118), o salmista (Sl 117/118) agradece ao Senhor por sua
eterna misericórdia, transformando a pedra rejeitada pelos pedreiros
na pedra principal. As comunidades primitivas viram a realização
plena desse salmo em Cristo (cf. Mt 21,42; At 4,11; 1Pd 2,7). Por
meio da vitória sobre a morte pela ressurreição, Jesus tornou-se a
pedra principal do edifício, o alicerce da vida cristã.
O
apóstolo Pedro, com pequeno hino litúrgico (cf 1,3-4), dá destaque
à salvação realizada pelo Pai através do Filho. Bendito seja o
Pai, que em sua grande misericórdia, “pela ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo para uma
esperança viva, para uma herança reservada aos céus” (1,3). Os
cristãos, pelo batismo, renasceram para a vida nova, que provém da
ressurreição de Cristo.
O
exemplo de Cristo, que passou pelo “fogo” da paixão e morte para
chegar à glória da ressurreição, impulsiona o testemunho da fé
com alegria, em meio ao sofrimento e às provações. A imagem do
ouro que, purificado pelo fogo, manifesta todo o seu esplendor,
ilustra o caminho existencial de transformação pela ação do
Espírito até a identificação com Jesus ressuscitado. A adesão ao
Senhor, na esperança e no amor solidário, torna-se “fonte de
alegria indizível e gloriosa” (1,8), pois proporciona
experimentar, desde já, a vida nova de ressuscitados.
O
Evangelho deste 2º Domingo da Páscoa começa com a manifestação
do Ressuscitado aos discípulos, na tarde do mesmo dia da
ressurreição. “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”.
A condenação e crucifixão do Mestre geraram nos discípulos um
clima de medo e de isolamento. Na época em que o Evangelho de João
foi redigido, os cristãos passaram pela mesma experiência, face às
hostilidades e perseguições.
O
Ressuscitado oferece a paz e infunde confiança: “Jesus entrou e,
pôs-se no meio deles, disse: a paz esteja convosco” (20,19b).
Conforme havia prometido (cf. Jo 14,27), Jesus transmite a verdadeira
paz, dom de sua entrega por amor. Os sinais da paixão “nas mãos e
no lado” revelam sua doação até a cruz e levam os discípulos a
reconhecerem sua presença viva no meio deles. “Então os
discípulos se alegraram por verem o Senhor” (20,20), o
Ressuscitado.
A
paz do Ressuscitado é a plenitude da salvação, que confirma os
discípulos na missão libertadora: “Como o Pai me enviou, também
eu vos envio” (20,21). Renovados e investidos com o Espírito
Santo, eles são enviados para anunciar a alegria e a paz, dons do
Ressuscitado. A força do Espírito torna os discípulos instrumentos
de paz e de reconciliação, portadores da misericórdia e do perdão
de Jesus: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão
perdoados” (20,23).
Tomé,
que era um dos Doze, representa as dificuldades dos discípulos em
crer na ressurreição de Jesus. A insistência de Tomé em comprovar
as marcas da paixão, mostra que a fé em Cristo ressuscitado brota
de sua doação total. A aclamação litúrgica: “Meu Senhor e meu
Deus” (20,28) expressa a fé da comunidade em Jesus crucificado/
exaltado como Senhor e Deus. É a profissão de fé de quem encontra
o Senhor no caminho do discipulado. Jesus proclama “bem-aventurados
os que não creram sem terem visto” (20,29), os que creem e vivem
conforme seus ensinamentos. O encontro com o Senhor, na comunidade
que se reúne para celebrar a memória de sua vida, morte e
ressurreição, leva ao testemunho da fé, como os primeiros
discípulos e discípulas.
A
ressurreição de Jesus é o grande sinal de amor, que plenifica os
demais, realizados ao longo de seu ministério (cf. 1, 19-12,50). Os
sinais que Jesus, o enviado de Deus, realizou foram testemunhados e
escritos, para levar os seguidores de todos os tempos à adesão da
fé e à vida plena em seu nome (cf. 20,31). O caminho da fé em
Cristo ressuscitado é a fonte de vida eterna, que torna possível um
mundo novo, novos céus e nova terra.
Atualizando
a Palavra
A
presença de Jesus ressuscitado oferece o dom da paz e o seu
Espírito, que recria e vivifica a comunidade, em meio às
dificuldades e perseguições, fazendo renascer a fé e a esperança
na missão evangelizadora. A força do Ressuscitado nos transforma em
instrumentos de misericórdia, justiça e paz. “A paz é possível,
porque o Senhor venceu o mundo e sua permanente conflitualidade,
“estabelecendo a paz (...) por seu sangue derramado na cruz” (Cl
1,20). Ao anunciar Jesus Cristo, que é a nossa paz em pessoa (cf. Ef
2,14), todo batizado é chamado a ser instrumento de pacificação e
testemunha credível duma vida reconciliada” (ED, n.229, 239).
O
encontro de Tomé com o Senhor indica o caminho de fé do
discipulado. Quem acredita e segue o caminho da vida nova indicado
pelo Ressuscitado é bem-aventurado. “Cristo foi verdadeiramente
crucificado, verdadeiramente sepultado e ressuscitou verdadeiramente.
Tudo isto foi para nós um dom da graça, a fim de que, participando
da sua paixão através do mistério sacramental, obtenhamos na
realidade a salvação. Ó maravilha de amor pela humanidade! Em seus
pés e mãos inocentes, Cristo recebeu os cravos e suportou a dor; e
eu, apenas pela comunhão em suas dores recebo gratuitamente a
salvação” (cf. Catequese de Jerusalém, século IV. O Ofício das
Leituras, quinta-feira na oitava da Páscoa).
Como
nas comunidades primitivas, o encontro com o Ressuscitado nos impele
a construir comunidades centradas na Palavra, na Eucaristia, nas
orações e na comunhão fraterna, manifestada no compromisso
solidário com as pessoas necessitadas. Justino, mártir, ao falar
sobre a Eucaristia testemunha o sentido da Koinonia,
do ter tudo em comum: “Com o que possuímos, socorremos a todos os
necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as
coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por
seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo” (cf. São Justino,
mártir. Apologia a favor dos cristãos, século II. Ofício das
Leituras, 3º domingo da Páscoa). O Papa Francisco reitera que “na
medida que Ele conseguiu reinar entre nós, a vida social será um
espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para
todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã tendem
a provocar consequências sociais” (Evangelii Gaudium, n.180).
Neste
Domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II,
somos convidados a professar a fé em Jesus, o Senhor, que revelou a
misericórdia infinita do Pai através de sua obra redentora. A paz
do Ressuscitado nos liberta, para construirmos um mundo reconciliado
de amor, justiça e fraternidade. O Espírito de Cristo ressuscitado
nos ilumina e fortalece, para anunciarmos seu perdão, sua
misericórdia em meio aos desafios da missão cotidiana.
Ligando
a Palavra com ação litúrgica
Os
cristãos compreenderam, desde o início, que a Igreja é
essencialmente assembleia convocada pelo Senhor que nele se torna
presente e atuante na mesma. Fazer parte da assembleia litúrgica é
fruto da fé e da comunhão com a Igreja em torno do Ressuscitado,
pois a Igreja, Povo da nova Aliança, nasceu da Páscoa de Cristo.
Hoje,
estamos reunidos para celebrar, na certeza de que Ele está no meio
de nós. Afirma a Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Vaticano
II: “Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente
em sua Igreja, e especialmente nas ações litúrgicas. Está
presente no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois
aquele que agora se oferece pelo ministério sacerdotal é o ‘mesmo
que, outrora, se ofereceu na cruz’, como, sobretudo nas espécies
eucarísticas. Ele está presente pela sua virtude nos sacramentos,
de tal modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo quem
batiza. Está presente na sua palavra, pois é ele quem fala quando
na Igreja se leem as Sagradas Escrituras. Está presente, por fim,
quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: ‘onde se acharem
dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles’ (Mt
18,20)” (CONCILIO VATICANO II. Constituição Conciliar
Sacrosanctum Concilium (SC), n.17).
Que
os dons pascais recebidos do Senhor nos ajudem a edificarmos a Igreja
– casa da Palavra – sobre os quatro fundamentos: perseverança na
escuta dos ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, na
fração do pão e nas orações.
Reunidos
em torno do Senhor ressuscitado, nos tornamos lugar espiritual, ou
seja, sacramento da sua presença.
Então,
“neste dia que o Senhor fez para nós”, experimentamos sua
presença viva na assembleia reunida, na palavra repartida e no
mistério de sua entrega na Eucaristia. Assim, “fazei que
compreendamos melhor o batismo que nos lavou, e o sangue que nos
redimiu” (cf. oração do dia). Que sejamos um só corpo e um só
espírito, enviados para espalhar no mudo a paz e a reconciliação,
que dele recebemos.
Oração
da Assembleia
Presidente:
Jesus
ressuscitado está presente entre nós, leva ao Pai nossa oração.
Por isso com muita confiança, façamos nossos pedidos:
1.
Senhor ressuscitado, olhe com carinho por toda tua Igreja, de um modo
especial por cada um de nós, que estamos reunidos em seu nome.
Ajude-nos a proclamar-Te com Palavras e com vida. Peçamos:
Todos:
Ouvi-nos Senhor!
2.
Senhor ressuscitado, faça com que nossos governantes possam sempre
promover a vida, ajudando na ressurreição de nosso mundo. Peçamos:
3.
Senhor ressuscitado, ajude-nos a viver como as primeiras comunidades,
onde na oração, na Eucaristia, na obediência aos apóstolos e na
partilha dos bens, anunciavam a Boa Nova do Evangelho. Peçamos:
4.
Senhor ressuscitado, fortaleça aqueles e aquelas que sofrem, para
passarem do sofrimento à alegria da vida e assim sentir o frescor da
Ressurreição. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Senhor Jesus, como outros irmãos e irmãs que viveram antes de nós,
nós te amamos sem Tê-lo visto e cremos na tua Ressurreição,
ajude-nos a permanecer fiéis até o fim, vós que sois Deus com o
Pai e o Espírito Santo.
Todos:
Amém!
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
Oração
sobre as oferendas:
Acolhei,
ó Deus, as oferendas do vosso povo (e dos que renasceram nesta
Páscoa), para que, renovados pela profissão de fé e pelo batismo,
consigamos a eterna felicidade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todo:
Amém
Oração
depois da comunhão.
Concedei,
ó Deus onipotente, que conservemos em nossa vida o sacramento pascal
que recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
T.:
Amém.
IV.
RITOS FINAIS
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Pres.:
O Senhor esteja convosco.
T.:
Ele está no meio de nós.
Pres.:
Abençoe-vos o Deus todo-poderoso nesta solenidade da Páscoa, cheio
de misericórdia vos defenda de todo o perigo do pecado.
T.:
Amém.
Pres.:
E aquele que na ressurreição do seu Unigênito vos restaura para a
vida eterna vos cumule com os prêmios da imortalidade.
T.:
Amém.
Pres.:
A benção de Deus todo-poderoso Pai e Filho + e Espírito Santo
desça sobre vós e permaneça para sempre.
T.:
Amém.
Pres.:
Levai a todos a alegria de Jesus Ressuscitado, ide em paz e o Senhor
vos acompanhe. Aleluia, aleluia.
T.:
Graças a Deus, Aleluia. Aleluia.
(Despede
a assembléia)