ÉPOCA
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TERMOS
E SIGNIFICADOS
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VALOR
DA PESSOA
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“os inválidos”.
O termo significava “indivíduos sem valor”. Em pleno século 20, ainda
se utilizava este termo, embora já sem nenhum sentido pejorativo.
Outro exemplo:
“Inválidos insatisfeitos com lei relativa aos ambulantes”
(Diário Popular, 21/4/76).
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Aquele que tinha deficiência era tido como socialmente
inútil, um peso morto para a sociedade, um fardo para a família, alguém sem
valor profissional.
Outros exemplos:
“Servidor inválido pode voltar” (Folha de S. Paulo, 20/7/82).
“Os cegos e o inválido” (IstoÉ, 7/7/99).
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Século 20 até ± 1960.
“Derivativo para incapacitados” (Shopping News, Coluna Radioamadorismo, 1973).
“Escolas para crianças incapazes” (Shopping News, 13/12/64).
Após a I e a II Guerras Mundiais, a mídia usava o termo
assim: “A guerra produziu incapacitados”, “Os incapacitados agora exigem
reabilitação física”.
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“os incapacitados”.
O termo significava, de início, “indivíduos sem capacidade” e, mais
tarde, evoluiu e passou a significar “indivíduos com capacidade residual”.
Durante várias décadas, era comum o uso deste termo para designar pessoas com
deficiência de qualquer idade. Uma variação foi o termo “os incapazes”, que significava “indivíduos que não são
capazes” de fazer algumas coisas por causa da deficiência que tinham.
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Foi um avanço da sociedade reconhecer que a pessoa com
deficiência poderia ter capacidade residual, mesmo que reduzida.
Mas, ao mesmo tempo, considerava-se que a deficiência,
qualquer que fosse o tipo, eliminava ou reduzia a capacidade da pessoa em todos
os aspectos: físico, psicológico, social, profissional etc.
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De ± 1960 até ± 1980.
“Crianças defeituosas na Grã-Bretanha tem educação
especial” (Shopping News, 31/8/65).
No final da década de 50, foi fundada a Associação de
Assistência à Criança Defeituosa – AACD” (hoje denominada Associação
de Assistência à Criança Deficiente”).
Na década de 50 surgiram as primeiras unidades da
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Apae”.
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“os defeituosos”. O termo significava “indivíduos com
deformidade” (principalmente física).
“os deficientes”.
Este termo significava “indivíduos com deficiência” física, mental,
auditiva, visual ou múltipla, que os levava a executar as funções básicas de
vida (andar, sentar-se, correr, escrever, tomar banho etc.) de uma forma
diferente daquela como as pessoas sem deficiência faziam. E isto começou a
ser aceito pela sociedade.
“os excepcionais”.
O termo significava “indivíduos com deficiência mental”.
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A sociedade passou a utilizar estes três termos, que
focalizam as deficiências em si sem reforçarem o que as pessoas não
conseguiam fazer como a maioria.
Simultaneamente, difundia-se o movimento em defesa dos
direitos das pessoas superdotadas (expressão substituída por “pessoas com
altas habilidades” ou “pessoas com indícios de altas habilidades”). O
movimento mostrou que o termo “os excepcionais” não poderia referir-se exclusivamente
aos que tinham deficiência mental, pois as pessoas com superdotação também
são excepcionais por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana.
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De 1981 até ± 1987.
Por pressão das organizações de pessoas com deficiência, a
ONU deu o nome de “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” ao ano
de 1981.
E o mundo achou difícil começar a dizer ou escrever “pessoas
deficientes”. O impacto desta terminologia foi profundo e ajudou a melhorar a
imagem destas pessoas.
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“pessoas
deficientes”. Pela primeira vez em todo o mundo, o substantivo
“deficientes” (como em “os deficientes”) passou a ser utilizado como
adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substantivo “pessoas”.
A partir de 1981, nunca mais se utilizou a palavra
“indivíduos” para se referir às pessoas com deficiência.
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Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que tinham
deficiência, igualando-os em direitos e dignidade à maioria dos membros de
qualquer sociedade ou país.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou em
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De ± 1988 até ± 1993.
Alguns líderes de organizações de pessoas com deficiência
contestaram o termo “pessoa deficiente” alegando que ele sinaliza que a
pessoa inteira é deficiente, o que era inaceitável para eles.
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O “portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado
à pessoa. A deficiência passou a ser um detalhe da pessoa. O termo foi
adotado nas Constituições federal e estaduais e em todas as leis e políticas
pertinentes ao campo das deficiências. Conselhos, coordenadorias e
associações passaram a incluir o termo em seus nomes oficiais.
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De ± 1990 até hoje.
O art. 5° da Resolução CNE/CEB n° 2, de 11/9/01, explica
que as necessidades especiais decorrem de três situações, uma das quais
envolvendo dificuldades vinculadas a deficiências e dificuldades
não-vinculadas a uma causa orgânica.
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“pessoas com
necessidades especiais”. O termo
surgiu primeiramente para substituir “deficiência” por “necessidades
especiais”. daí a expressão “portadores
de necessidades especiais”. Depois, esse termo passou a ter significado
próprio sem substituir o nome “pessoas com deficiência”.
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De início, “necessidades especiais” representava apenas um
novo termo.
Depois, com a vigência da Resolução n° 2,
“necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com
deficiência quanto a outras pessoas.
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Mesma época acima.
Surgiram expressões como “crianças especiais”, “alunos
especiais”, “pacientes especiais” e assim por diante numa tentativa de
amenizar a contundência da palavra “deficientes”.
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“pessoas
especiais”. O termo apareceu como uma forma reduzida da expressão
“pessoas com necessidades especiais”, constituindo um eufemismo dificilmente
aceitável para designar um segmento populacional.
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O adjetivo “especiais” permanece como uma simples palavra,
sem agregar valor diferenciado às pessoas com deficiência. O “especial” não é
qualificativo exclusivo das pessoas que têm deficiência, pois ele se aplica a
qualquer pessoa.
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Em junho de 1994.
A Declaração de Salamanca preconiza a educação inclusiva
para todos, tenham ou não uma deficiência.
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“pessoas com
deficiência” e pessoas sem deficiência, quando tiverem necessidades educacionais
especiais e se encontrarem segregadas, têm o direito de fazer parte das
escolas inclusivas e da sociedade inclusiva.
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O valor agregado às pessoas é o de elas fazerem parte do
grande segmento dos excluídos que, com o seu poder pessoal, exigem sua inclusão
em todos os aspectos da vida da sociedade. Trata-se do empoderamento.
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Em maio de 2002.
O Frei Betto escreveu no jornal O Estado de S.Paulo um artigo em que propõe o termo “portadores
de direitos especiais” e a sigla PODE.
Alega o proponente que o substantivo “deficientes” e o
adjetivo “deficientes” encerram o significado de falha ou imperfeição
enquanto que a sigla PODE exprime capacidade.
O artigo, ou parte dele, foi reproduzido em revistas
especializadas em assuntos de deficiência.
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“portadores de
direitos especiais”. O termo e a
sigla apresentam problemas que inviabilizam a sua adoção em substituição a
qualquer outro termo para designar pessoas que têm deficiência. O termo
“portadores” já vem sendo questionado por sua alusão a “carregadores”,
pessoas que “portam” (levam) uma deficiência. O termo “direitos especiais” é
contraditório porque as pessoas com deficiência exigem equiparação de
direitos e não direitos especiais. E mesmo que defendessem direitos
especiais, o nome “portadores de direitos especiais” não poderia ser
exclusivo das pessoas com deficiência, pois qualquer outro grupo vulnerável
pode reivindicar direitos especiais.
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Não há valor a ser agregado com a adoção deste termo, por
motivos expostos na coluna ao lado e nesta.
A sigla PODE, apesar de lembrar “capacidade”, apresenta
problemas de uso:
1) Imaginem a mídia e outros autores escrevendo ou falando
assim: “Os Podes de Osasco terão
audiência com o Prefeito...”, “A
Pode Maria de Souza manifestou-se a favor ...”, “A sugestão de José Maurício, que é um Pode, pode ser aprovada hoje ...”
2) Pelas normas brasileiras de ortografia, a sigla PODE
precisa ser grafada “Pode”.
Norma: Toda sigla com mais de 3 letras, pronunciada como uma palavra,
deve ser grafada em caixa baixa com exceção da letra inicial.
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De ± 1990 até hoje e além.
A década de 90 e a primeira década do século 21 e do
Terceiro Milênio estão sendo marcadas por eventos mundiais, liderados por
organizações de pessoas com deficiência.
A relação de documentos produzidos nesses eventos pode ser
vista no final deste artigo.
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“pessoas com
deficiência” passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior
de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com deficiência
que, no maior evento (“Encontrão”) das organizações de pessoas com
deficiência, realizado no Recife em 2000, conclamaram o público a adotar este
termo. Elas esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que não
querem ser chamadas com tal nome.
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Os valores agregados às pessoas com deficiência são:
1) o do empoderamento [uso do poder pessoal para fazer
escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada um] e
2) o da responsabilidade de contribuir com seus talentos
para mudar a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem
deficiência.
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Conclusão
- persons with a disability ou people with disabilities (em países onde se fala a língua inglesa)
- personas con discapacidad (em países de fala espanhola)
- pessoa com deficiência (No Brasil, em Portugal e em outros países onde se fala a língua portuguesa)
- persons with a hearing
impairment, persons with deafness
- personas con sordera,
personas con discapacidad auditiva
- pessoas com
deficiência auditiva, pessoas com surdez, admitindo-se o uso das palavras
“pessoas surdas” e “surdos”.