“Desejamos ajudar a cuidar daqueles que muitas vezes na sociedade não têm oportunidade”, disse o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, durante cerimônia de apresentação da
pesquisa “A Contrapartida do setor filantrópico para o Brasil”, ocorrida na sede da CNBB, em Brasília, na segunda-feira, 8. Participaram do evento representantes de entidades filantrópicas, do governo e membros da comunidade em geral.
A pesquisa é uma iniciativa do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif) e foi realizada pela empresa de consultoria Dom Straegy Partners, entre maio de 2015 a junho de 2016. Teve como objetivos analisar a situação da Previdência Social do Brasil e aprofundar sobre a contrapartida oferecida à sociedade brasileira pelas instituições filantrópicas, imunes ao pagamento da cota patronal nas áreas da assistência social, educação e saúde.
A pesquisa foi feita com dados oficiais e restrita a instituições filantrópicas que possuem o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas), concedido pelo Governo Federal, por intermédio dos Ministérios da Educação, Desenvolvimento Social e Saúde. O estudo constata que, a partir dos dados levantados, o valor da isenção fiscal previdenciária das instituições filantrópicas é muito inferior ao benefício que as mesmas geram à sociedade nas áreas de assistência social, educação e saúde. De acordo com a pesquisa, “a existência das instituições filantrópicas se justifica porque elas devolvem mais ao Brasil do que recebem”.
Dados
Segundo os dados, as instituições filantrópicas realizaram mais de 160 milhões de atendimentos em 2014 e geraram 1,3 milhão de empregos. A cada R$ 1,00 obtido por isenções fiscais, as instituições filantrópicas retornam R$ 5,92 em benefícios para a sociedade. Se as áreas de atuação forem analisadas separadamente, na Saúde, este coeficiente de contrapartida sobe para R$ 7,35. Ou seja, a cada R$ 100 de isenção a um hospital beneficente, são investidos R$ 735 no atendimento à população. Na Assistência Social, a cada R$ 100, o retorno à sociedade é de R$ 573,00 e na educação, R$ 386,00, por meio da concessão de bolsas de estudo, por exemplo.
Ainda, conforme as informações, 53% dos atendimentos do SUS são realizados pelas santas casas e hospitais filantrópicos. “Os hospitais beneficentes se configuram como referências mundiais em áreas como oncologia, cardiologia e transplantes”, consta no texto. Quanto à Assistência Social, segundo o estudo, 4,8 milhões de vagas de atendimento são oferecidas pelo setor. No âmbito da Educação, da básica à superior, o setor filantrópico atende mais de 2,2 milhões de alunos, sendo que 31% dos alunos matriculados em instituições filantrópicas do Ensino Superior são bolsistas.
Para o presidente do Fonif, Custódio Pereira, os dados levantados provam a importância do setor. “Eu tenho certeza que nós somos fundamentais e atendemos milhões de brasileiros na saúde, educação e assistência social. Que possamos interagir e participar com toda possível mudança que afete o setor”, disse.
Para dom Leonardo, os dados levantados pela pesquisa mostram que as instituições filantrópicas estão dispostas a continuarem cuidando dos mais necessitados. “Compete a nós cristãos irmos ao encontro e cuidarmos daqueles que o Estado e a sociedade não querem. Eu creio que nossas instituições, independentemente de serem católicas, evangélicas ou mesmo não confessionais, estão dispostas a esse tipo de cuidado. Com a apresentação da pesquisa sintamos mais ânimo em trabalharmos em favor dos irmãos e das irmãs que necessitam e sintamos o orgulho de sermos entidades filantrópicas certificadas”, enfatizou.
Dom Leonardo acrescentou que por trás dos números existem rostos, pessoas. “Os números não conseguem visibilizar os rostos das pessoas que as entidades acolhem. Quando nos questionam com relação à filantropia, apenas nos pedem números e não pessoas. Estamos preocupados em manter a filantropia não por causa dos números, mas por causa das pessoas”, disse.
Fonif
O Fonif é uma associação sem fins lucrativos com o propósito de atuar em defesa dos interesses das entidades filantrópicas, promovendo sinergia e fortalecimento do setor, visando a plena garantia dos direitos constitucionais.
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