O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e a Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), com o apoio do papa Francisco, promoveram, de 27 a 30 de agosto, em Bogotá, na Colômbia, o Congresso do Jubileu Extraordinário da Misericórdia no Continente Americano. Presente no encontro, o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Sergio da Rocha, presidiu a celebração eucarística na segunda-feira, 29. Em sua homilia, afirmou que o evento “é sinal da misericórdia de Deus e uma ocasião privilegiada para fazer a experiência da misericórdia, unidos como Igreja das Américas”.
O evento foi uma ocasião para celebração do Ano da Misericórdia, partilha de experiências entre bispos, sacerdotes, religiosos e leigos do continente, que pensaram juntos sobre como dar continuidade à vivência da misericórdia após o termino do Ano Jubilar. Estiveram presentes cerca de 350 participantes dos países da América Latina, dos Estados Unidos e do Canadá, sendo 110 bispos de todas as Conferências Episcopais do continente.
Do Brasil, participaram, além de dom Sergio, os arcebispos de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, de São Luís (MA), dom José Belisário da Silva, que é o segundo vice-presidente do Celam, e de Maringá (PR), dom Anuar Battisti, que preside o Departamento de Vocações e Ministérios da entidade continental; o bispo coadjutor de Luziânia (GO), dom Waldemar Passini Dalbello, que é membro do Departamento de Missão e Espiritualidade; e o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva. Também estiveram presentes alguns sacerdotes, religiosos e leigos brasileiros.
Bênçãos do papa
O evento teve grande motivação do papa Francisco que, em maio de 2015, desejou que “um vento impetuoso de santidade passe pelo próximo Jubileu Extraordinário da Misericórdia em todas as Américas”. A frase do pontífice foi o lema escolhido para a ocasião.
O pontífice enviou uma mensagem em vídeo para a celebração, manifestando alegria pela união de todos os países da América, “um grande sinal que nos anima a esperança”, disse Francisco.
Misericórdia e missão
Em sua homilia, na missa em língua portuguesa, celebrada na segunda feira, dia 29, dom Sergio fez uma reflexão à luz da Palavra de Deus, na celebração litúrgica do martírio de São Joao Batista, ressaltando a relação entre misericórdia e missão, entre Igreja missionária (Igreja em saída) e Igreja misericordiosa. A eucaristia foi concelebrada por dom Odilo Scherer e por dom Belisário.
O presidente da CNBB falou sobre o exemplo do precursor de Jesus e do papa Francisco para superar a autorreferencialidade na Igreja, e propôs a reflexão sobre a relação entre misericórdia e justiça.
“Ao unir justiça e misericórdia, superamos uma perspectiva legalista, retomando o sentido bíblico do Ano Jubilar. De acordo com a concepção bíblica, não poderia haver Ano Jubilar sem a realização da justiça social, que exige a misericórdia e dela é sinal, conforme as exigências da libertação dos escravos, do perdão das dívidas e dos frutos da terra destinados aos pobres”, disse dom Sergio.
Dom Sergio também lembrou do “testemunho profético de tantos irmãs e irmãs que tem marcado a história da Igreja em nosso continente, na luta pela justiça, animados pelo espírito incansável de misericórdia”.Durante o evento, dois painéis abordaram os santos americanos mártires, missionários da primeira evangelização, as santas místicas, os santos pastores, os santos dos desemparados, os da caridade e os da educação.
Ao refletir sobre a missionariedade, afirmou que o cumprimento da missão profética da Igreja acontece por meio da misericórdia, como indicam o papa Francisco e o Documento da Conferência de Aparecida (2007).
“A Igreja da misericórdia é uma Igreja em saída. A Igreja em saída é uma Igreja da misericórdia. Misericórdia e missão andam juntas!”, afirmou. “Por meio da missão evangelizadora, a Igreja sai ao encontro das ovelhas feridas, fracas e desgarradas. Por meio da misericórdia, a Igreja realiza a sua missão de anunciar o Evangelho aos pobres e sofredores. Sair da própria comodidade para anunciar aos irmãos o ‘rosto da misericórdia’ faz parte da ‘conversão pastoral’ proposta por Aparecida e reafirmada em tantas ocasiões pelo papa Francisco para a Igreja inteira”, explicou dom Sergio.
Outra reflexão do arcebispo de Brasília foi sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais, as quais “são critérios para verificar a fidelidade a Jesus Cristo”. Para dom Sergio, “o testemunho da misericórdia, por meio de iniciativas pessoais e comunitárias, é condição para a credibilidade do anuncio do Evangelho”.
Atividades
Durante os quatro dias de eventos foram realizadas diversas atividades, como caminhada e celebração penitencial; celebração diária da eucaristia, palestras sobre a misericórdia, partilha de experiências do Ano da Misericórdia no Continente; e visita às entidades que praticam obras de misericórdia em seu trabalho, em Bogotá. Em um painel a respeito de obras de misericórdia, foi lembrada a Fazenda da Esperança, apresentada por seu fundador, frei Hans Stapel.
Entre os conferencistas participantes esteve o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, dom Rino Fisichella. O organismo vaticano é o responsável pela organização das atividades do Ano da Misericórdia. Em sua exposição, dom Fisichella abordou o tema “Este é o grande tempo da misericórdia”.
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