Vilson
Dias de Oliveira
Diocese
de Limeira
“Se
o grão de trigo cair na terra e morrer, produzirá muito fruto”
(Jo
12,24)
Leituras:
Jeremias 31, 31-34; Salmo 50 (51), 3-4.12-13.14-15 (R/12a); Carta aos
Hebreus 5, 7-9; João 12, 20-33.
COR
LITÚRGICA: ROXA
Animador:
Nossa
preparação para a Páscoa é iluminada pela Paixão e Morte de
Jesus. Ele anuncia sua morte violenta e explica seu significado:
fonte de vida futura e de renovação. Renovação que cria amizade e
reconciliação entre as pessoas, em completa oposição ao ódio e à
divisão. Que essa vida divina nasça em nossos corações para que
possamos sempre dizer “sim” ao projeto de Cristo.
1.
Situando-nos
O
nosso retiro de quarenta dias está chegando ao fim. Neste domingo,
ouvimos a passagem do Evangelho sobre o grão de trigo que cai na
terra e morre. Morre e produz frutos infinitos. Nessa mensagem do
Evangelho de João, proclama-se a vida eterna e a produtividade
iluminada do amor. Onde alguém vive por amor, o mundo se torna uma
colheita abundante; uma semente de amor, uma lavoura cheia de trigo.
Ainda mais quando este alguém é o Verbo feito carne! Quando o Deus
feito homem vive e morre por amor, todos nós brotamos como tantas
espigas de trigo, douradas, saudáveis e eternas.
Deste
modo, o 5º Domingo da Quaresma nos coloca nos átrios da
glorificação de Jesus. Ele mostra qual o seu caminho para a glória
dos que desejam vê-lo (Cf. Jo 12, 20-33); é o caminho da cruz, o
caminho da semente lançada à terra, que não fica só, mas,
morrendo, produz muito fruto. É chegada a hora de Jesus. Trata-se de
sua paixão e ressurreição, pela qual ele se lança totalmente no
plano do Pai e realiza de modo pleno sua vontade.
Jesus
prometeu aos que desejam vê-lo: “Quando eu for levantado da terra,
atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Acrescenta o evangelista: “Ele
falava assim para indicar de que morte iria morrer” (Jo 12, 33).
2.
Recordando a Palavra
Na
primeira leitura (Jr 31, 31-34), texto relevante do Primeiro
Testamento que se encontra no “Livro da Consolação de Israel”
(Jr 30-31), Deus sela a reconciliação estabelecendo uma nova
Aliança. A Aliança do Sinai, que o Senhor concluiu com o povo,
quando o tirou da escravidão do Egito (cf vv. 31-32), não teve
êxito. Esta exigia adesão exclusiva ao Senhor, traduzida no
cumprimento integral da lei, a qual era formulada com toda a clareza
e respaldada por bênçãos e maldições.
Mas,
era externa, gravada em uma pedra, com a qual as pessoas não
sintonizavam. A nova Aliança inscreverá a lei no fundo do ser e no
coração, de modo que se converta no impulso ou dinamismo da
conduta; o coração estará regenerado, convertido pela marca viva
da lei. “Colocarei a minha lei no seu coração, vou gravá-la em
seu coração; serei o Deus deles, e eles, o meu povo” (Jr 31,33).
Assim,
se restabelecem as relações pessoais, substância autêntica da
aliança. O conhecimento e reconhecimento do Senhor se traduzem em
compromisso.
Um
“perdão” total, sem reservas, é o primeiro ato da
reconciliação, no qual se manifesta o “amor eterno” do Senhor.
Vale notar que Jeremias 31, 31-34 é amplamente citado no Segundo
Testamento (Cf. Rm 11, 27; Hb 8,8-12; 10, 16-17).
Em
termos de aliança, o Senhor é o soberano que cumpriu seus
compromissos, em termos de matrimônio, o Senhor é o marido ao qual
a esposa – o povo – foi infiel.
Na
verdade, já não necessitamos mediações exteriores (sacrifícios,
ritos legais, tábuas de pedra), pois o Senhor fez conosco uma
aliança definitiva, gravada em nosso coração, escrita em nosso
peito, pois somos o novo Povo de Deus. Esta nova Aliança nos dá a
esperança e a certeza de pertencermos a uma nova humanidade
reconciliada.
O
Salmo 50 (51) pede que, com sua graça, Deus crie em nós um coração
puro e confirme em nosso interior um espírito novo, contrito e
simples. Ao arrepender-nos de nossa infidelidade, reconhecemos que
somente Deus é fiel. O perdão divino é a oportunidade que temos de
retomar a proposta da Aliança.
A
segunda leitura (Hb 5, 7-9) mostra que o caminho da salvação passa
pela obediência e fidelidade: “Embora fosse Filho aprendeu,
contudo, a obediência pelo sofrimento: e, levado à perfeição, se
tornou para todos os que lhe obedecem, fonte de salvação eterna”
(vv.8-9).
Em
Cristo Jesus, a nova Aliança é concluída; morrendo por nós, ele
se torna princípio de salvação eterna. No exercício do seu
sacerdócio, Jesus se apresenta perfeitamente humano (cf. Hb 5,1),
semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Em sua vida terrestre,
experimenta o sofrimento e dirige-se ao Pai, que era capaz de
salvá-lo da morte, com forte clamor e lágrimas. É um Deus que se
aproxima do ser humano e de cada um de nós em tudo, particularmente
na experiência da dor, do sofrimento.
Este
é o domingo do grão caído na terra (cf Jo 12, 20-33). Para falar
de vida, João utiliza no seu Evangelho a imagem do grão de trigo.
Interessante! O semeador se faz semente: “Saiu o semeador a semear”
(Mt 13,3). Como os Evangelhos foram escritos após a Páscoa, esse
semeador já é o Cristo Ressuscitado, saído de Deus para semear a
semente do Reino, a semente do Reino do amor. Mas, esse semeador, o
Verbo feito carne, em João, se fez semente, grão de trigo caído na
terra para fecundar.
Eis
a lógica do Amor: não pode fazer outra coisa senão dar a vida.
Mas, para expressar-se em sua totalidade, ele deve ir até a morte:
“Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica só. Mas,
se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Um grão de trigo, que é
colocado na terra vai transformar-se para se converter em espiga com
intocáveis grãos. Assim também acontece com aquele ou aquela que
nós amamos. Mas por quê? Simplesmente porque o Amor, para existir
ou subsistir, não pode fazer sofrer e morrer aquele ou aquela que
deseja amar. Um dia ou outro, todos devemos nos ultrapassar a nós
mesmos.
Essa
é a hora do Amor que vai exatamente até o final de nós mesmos,
como a mulher grávida, pois o Amor dá a vida: “A mulher, quando
vai dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas depois
que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria
de um ser humano ter vindo ao mundo” (Jo 16, 21). Eis porque, para
manifestar a totalidade do Amor, Jesus entregou a sua vida para que
nós tivéssemos Vida: “Ninguém tem amor maior do que aquele que
dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
Com
o Evangelho de hoje estamos longe dos julgamentos, das condenações
e das exclusões. Isso não nos conduz a lugar nenhum, mas ao
contrário, para bem longe do Deus de Jesus Cristo: “Quando eu for
levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Morrendo numa
cruz por amor, Cristo salva a todos sem exceção.
É
a hora de Jesus, que coincide com a sua exaltação, e que é, antes
de tudo, elevação na cruz (cf. vv 32-33). João coloca a morte de
Jesus como glorificação, mas não esconde o drama humano da sua
existência, o drama da obediência ao Pai.
Aproximando-nos
da Páscoa, neste quinto domingo da Quaresma, estamos face a face com
o ponto central da nossa fé. Diante do Crucificado, cada um de nós
se encontra sozinho: é o mistério da cruz que implica solidão.
O
Cristo crucificado e ressuscitado, o Cristo da Páscoa, realizou
plenamente a Aliança nova anunciada pelo profeta Jeremias (primeira
leitura de hoje). A Aliança nova, inscrita nos corações, torna-nos
capazes de amar, e nos convida a libertar outras pessoas de tudo o
que as impede de amar.
3.
Atualizando a Palavra
Quando
São Bento diz que toda a vida do monge deve ser uma Quaresma (Cf.
Regra Beneditina 49,1) não está falando antes de tudo de
penitência. Ele está falando da Páscoa deste mundo, está
insistindo que vivamos toda a nossa existência cristã iluminada
pelos raios da ressurreição. A liturgia da Palavra de hoje, cujo
eixo é a imagem do grão de trigo que cai na terra e produz fruto,
antecipa o sentido da Páscoa de Jesus e também da nossa.
Os
gregos quiseram ver Jesus. Encontraram Filipe e André que os
conduziram a ele. Tendo visto Jesus e acreditado nele, Filipe e André
guiam outras pessoas para verem e conhecerem Jesus. É a vocação de
todos os que queiram seguir a Cristo. Tendo visto Jesus e feito a
experiência de Deus em nossa vida, - “vinde e vede” (Jo 1, 39) –
tendo aceitado transformar-nos em semente lançada a terra, somos
chamados a conduzir outras pessoas a Jesus, para o verem, para o
seguirem, para viverem a sua vida.
A
Quaresma é tempo oportuno para nos perguntarmos: como cultivamos a
graça e ao mesmo tempo o desafio do nosso discipulado de Jesus?
Queremos ver Jesus de verdade? Temos os olhos fixos nele? Renovamos
aquela aliança de amor com Cristo (lei gravada em nosso coração),
iniciada no Batismo?
Em
Hebreus, vemos a semelhança de Jesus com cada um de nós: ele viveu
o dia a dia do sofrimento humano. Ele experimentou a nossa condição
humana, conheceu nossas fraquezas. Não é um sacerdote separado das
pessoas pelas quais intercede e oferece sacrifícios. Não é um Deus
distante, mas bem próximo.
A
sua obediência foi sendo construída, conquistada, aprendida pelo
sofrimento. E só quando consumado, perfeito, chegou a ser causa de
salvação eterna para todos os que lhe obedecem. Jesus é o Messias,
Servo humilde: ele assume as dores e esperanças de seu povo na
contramão do poder dos reis deste mundo. Que sentido tem o
sacerdócio para nós? Recorremos à oração quando não entendemos
a vontade de Deus em nossa vida, como o fez Jesus?
O
caminho de Jesus é o caminho da cruz que se faz luz, pois é caminho
de vida. Ficamos parados ou bloqueados na Sexta-feira Santa? O que
esperamos para fazer com que se levante o Sol da Páscoa em nossa
vida? Ele é um ponto de referência em nossa noite?
Seguir
a cruz como coluna luminosa em meio ao deserto não significa
contentar-nos com o sofrimento e a morte, mas é seguimento do Cristo
vivo. O mais importante não é despender o tempo impondo-nos
sacrifícios, privações e mortificações, mas seguir o mesmo
itinerário de vida de Jesus. Este Amor que morre por amor a nós,
crucificado, já se transformou em luz que atravessa as trevas das
nossas provas?
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
Cristo
está sempre presente na Igreja, especialmente nas ações
litúrgicas. Está presente em especial nas espécies eucarísticas.
Está presente em sua Palavra, pois é ele quem fala quando se lê a
Escritura na Igreja. Cristo está presente na oração e no canto da
comunidade reunida, pois prometeu “estar no meio de dois ou três
que se reunissem em seu nome” (Cf. Mt 18,20). (Cf. Sacrosanctum
Concilium, n.7).
Portanto,
podemos sempre ver e encontrar Jesus nas celebrações litúrgicas.
Na Palavra, que é ele mesmo, entramos em contato com a sua
sabedoria, que nos comunica vida. Na Eucaristia, nos alimentamos do
Pão da Vida, nos unimos intimamente a Cristo, recebemos a força
para a caminhada e renovamos a Aliança que ele nos oferece no seu
sangue.
Que
a comunhão no sacrifício de Jesus nos faça aceitar por amor as
dificuldades, os sofrimentos, a cruz da nossa via, como passageiros
(=páscoa) necessária para a salvação e a alegria perfeita.
Assim
como Jesus, grão germinando na terra pela força do Espírito, já
não morre, já não tem poder sobre ele, também nós, que morremos
com ele, brotamos como espigas de trigo para uma vida que não tem
fim.
Jesus,
cuja memória celebramos na Palavra e na Eucaristia, é o Deus que
venceu a morte e fez brilhar a vida para sempre. Mesmo que o cenário
social, político e econômico em que vivemos seja conflituoso, ainda
que haja violência, mortes prematuras, injustiças contra os pobres,
desigualdades sociais, doenças, nós temos a certeza de que da morte
surge a vida, que do grão de trigo caído na terra surge vida nova e
ressurreição.
O
pão e o vinho da Eucaristia remetem à última ceia. Num gesto
profético, anunciando a sua morte, Jesus partiu o pão e deu um
pedaço a cada um de seus discípulos, significando que, comendo este
pão, eles se tornariam companheiros e cúmplices na entrega da vida
em favor do Reino. Eis o nosso compromisso com a causa do Reino, a
causa de Jesus, nesta celebração já tão próxima da festa da
Páscoa.
Oração
dos fiéis:
Presidente:
Viver
a Quaresma é ir ao encontro do próximo, abandonando a acomodação.
É buscá-lo onde ele está, sem temer as consequências, inclusive
aquilo que podem pensar ou dizer de nós. É sair para que o encontro
aconteça, para que ambos se abram à conversão e à renovação de
vida. Peçamos ao Pai esta graça.
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Deus
todo-poderoso, concedei a vossos filhos e filhas que, formados pelos
ensinamentos da fé cristã, sejam purificados por este sacrifício.
Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO:
Presidente:
Concedei,
ó Deus todo-poderoso, que sejamos sempre contados entre os membros
de Cristo cujo Corpo e Sangue comungamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Presidente:
O Senhor esteja convosco.
Todos:
Ele está no meio de nós.
Presidente:
Que a graça de Deus esteja sobre vocês, para dar muitos frutos na
vida e os sustentem na luta contra o mal, para poderem, com Cristo,
celebrar a vitória da Páscoa.
Todos:
Amém.
Presidente:
O
Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os guie nesta
caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.
Todos:
Amém.
Presidente:
O
Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta contra o mal
para poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa. Todos:
Amém.
Presidente:
(Dá a bênção).
Agenda
de Dom Vilson para março/2018
Dia
10/03 – Sábado:
Missa e apresentação de Vigário Paroquial do Pe. José Avelino, às
19h00, Basílica N. Sra. do Patrocínio, em Araras, SP.
Dia
11/03 – Domingo: Missa
e Posse de Pároco na Paróquia São Sebastião, Pe. Jhonatan Kaio de
Melo, às 09h00, em Leme, SP e Missa de São José, 2º dia da
Novena, na Paróquia São José, Pe. Alan, às 19h30, em Araraquara,
SP.
Dia
15/03 – Quinta-feira: reunião
geral dos presbíteros, a partir das 09h00, CDL.
Dia
16/03 – Sexta-feira: Missa
e Inauguração da Capela Nossa Senhora dos Peregrinos Romeiros, às
20h00, em Limeira, SP (Território: Par. Sta. Luzia Limeira).
Dia
17/03 – Sábado: Missa
e Posse de Administrador Paroquial na Quase-Paróquia Santo André,
Pe. Alexander José da Silva, às 19h30, em Limeira, SP.
Dia
18/03 – Domingo: 09h00
– Missa de criação da Paróquia São José, Pe. Evandro Lopes,
Americana, SP;
Missa
de abertura Escola Diaconal, às 10h00, na Catedral N. Sra. das
Dores, em Limeira, SP (Pe. Júlio); e Missa e Posse de Pároco na
Paróquia São Paulo Apóstolo, Pe. Vitor Tomé Minuti, às 19h00, em
Limeira, SP.
Dia
19/03 – Segunda-feira: Missa
do 1º. Aniversário de instalação da Paróquia São José, Pe.
Evandro Lopes, às 19h30, na cidade de Americana, SP.
Dia
21/03 – Quarta-feira: Reunião
dos Bispos da Província, às 9h00, em Amparo, SP; Missa de envio, às
20h, na Capela dos Romeiros – Valdevino (Território:
Par. Sta. Luzia Limeira).
Dia
22/03 – Quinta-feira: Reunião
com o auditor da Pastoral da Criança, às 10h, Residência
Episcopal.
Dia
23/03 – Sexta-feira: Missa
e Posse de Administrador Paroquial, Quase-Paróquia Santa Marta e
Santa Paula, Pe. Isaías Daniel, às 19h00, em Leme, SP.
Dia
25/03 – Domingo:
Missa de Ramos: em local mais proximamente definido pelo bispo.
Dia
29/03 – Quinta-feira: Missa
do Crisma e Renovação das Promessas Sacerdotais às 9h00, Catedral,
em Limeira, SP; Missa do Lava-pés em local mais proximamente
definido pelo bispo.
Dia
30/03 – Sexta-feira Santa: Celebração
da Paixão do Senhor: em local mais proximamente definido pelo bispo.
Dia
31/03 – Sábado Santo: Missa
da Vigília Pascal às 20h00, na Catedral N. Sra. das Dores, em
Limeira, SP.
Dia
01/04 – Domingo de Páscoa:
(manhã) Missa
da Páscoa da Ressurreição em local mais proximamente definido pelo
bispo.