Vilson Dias de Oliveira
DIOCESE
DE LIMEIRA
“Batizai-os
em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”
Leituras:
Dt 4,32-34.39-40; Sl 32 (33), 4-6.9.18-19.20.22 (R/ 12b); Rm 8,
14-17; Mt 28, 16-20.
COR
LITÚRGICA: BRANCA
OU DOURADA
Animador:
A
festa da Santíssima Trindade é como um convite a olhar para trás,
a fazer uma síntese. Agora, após ter vivido intensamente o tempo do
Natal e o tempo da Páscoa, a liturgia nos convida a contemplar o
rosto do Deus que se revelou na vida de Jesus e no início da Igreja.
A liturgia nos fez reviver novamente estes acontecimentos, a fim de
que Deus não seja a memória de um passado sempre mais longínquo,
mas se torne para nós presença viva e atual, abrindo sempre mais
novas e ricas perspectivas de futuro.
1.
Situando-nos brevemente
Neste
domingo (depois de Pentecostes) retomamos o Tempo Comum que se
estenderá até as vésperas do 1º Domingo do Advento.
Hoje,
celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Celebrar esta
solenidade, justamente no domingo depois de Pentecostes, pode ser
interpretado como um agradecido olhar retrospectivo sobre o
cumprimento da salvação – mistério que, segundo a antiga
teologia dos Santos Padres, é realizado pelo Pai, através do Filho,
no Espírito Santo (BERGAMINI,
A. Cristo desta da Igreja. São Paulo, Paulinas, 1994, p. 427).
Celebrar
o mistério da Trindade desperta em nós,
“povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”,
o desejo de abrir-nos a tão grande mistério. A iniciativa é sempre
d’Ele, que se manifesta, se revela e se dá a conhecer.
2.
Recordando a Palavra
O
Evangelho de Mateus pertence à narrativa da páscoa da libertação,
a entrega total de Jesus (cáps. 26-28), na qual culmina toda a obra
de Mateus. A “Galileia das nações” era uma região estratégica
que favorecia o acesso de povos diversos e também a dominação,
como a dos assírios no passado (2Rs 15,29). Jesus realizou grande
parte de seu ministério na Galileia, especialmente junto às pessoas
mais sofridas e marginalizadas. Desde o capítulo 4,12-25 até o
capítulo 19,1, quando partiu para a Judeia, Ele anunciou a Boa-Nova
do Reino de Deus na região da Galileia, e reuniu à sua volta um
grupo de discípulos comprometidos com sua missão libertadora.
A
promessa do encontro com Jesus na Galileia, antes de sua morte
(26,32), é confirmada na manhã da Páscoa (Mt 28,7.10). Iluminados
pelo caminho pascal, “os discípulos foram para a Galileia, à
montanha que Jesus lhes havia indicado”. A montanha é o lugar
especial da revelação de Deus. Na montanha, Jesus foi tentado
(4,8), ensinou (5,1; 8,1; 24,3), orou (14,23), curou os doentes e
alimentou os famintos (15,39), foi transfigurado (17, 1.9). A
montanha, no texto de hoje, sublinha a expectativa da realização
plena do Reino de Deus. Jesus se revela como o Filho do Homem, a quem
é dado todo o poder (Cf. Dn 7,13-14; Rm 1,4). Com essa autoridade
divina sobre o céu e a terra, plenificada na Páscoa, Jesus envia
seus seguidores e promete-lhes sua presença permanente.
Os
discípulos reconhecem Jesus como o Senhor, o Kyrios,
através de um gesto de adoração: “Quando
o viram, prostraram-se”
(Mt 28, 17). Eles experimentaram Jesus “vivo” em seu meio, de
modo especial enquanto permanecem unidos na oração (18,20), e na
missão solidária (25,35). Jesus ressuscitado revela o sentido da
missão universal: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as
nações, e batizai-os em no do Pai, e do Filho e do Espírito santo.
Ensina-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (28,19-20). A
missão aos gentios, indicada de modo especial em 2,1-12, realiza-se
plenamente através dos discípulos chamados a transcender os limites
de Israel (10,5-15).
O
apelo para fazer discípulos é acompanhado de dois particípios:
ensinando e batizando. Os novos discípulos devem ser iniciados em
uma comunidade nova pelo ensino e “Batismo
no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Jesus também foi batizado no Espírito (3,16) e realizava o
ministério em comunhão com Pai: “Quem me viu, tem visto o Pai. Eu
estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14, 9.10). O testemunho do
encontro com Cristo na Palavra, na oração, o coração aberto ao
mundo e aos horizontes de Deus despertam novos discípulos.
Para
permanecer no caminho da escuta e na prática dos ensinamentos
propostos especialmente nos cinco grandes discursos: sermão da
montanha (cap. 5-7); missão (cap. 10); parábolas (13,1-52);
comunidade eclesial (cap. 18) e vigilância na espera da vinda
definitiva do Reino: “Eis que estou convosco todos os dias, até o
fim dos tempos” (28,20). Jesus, o Emanuel, o Deus conosco (Cf.
1,23; Cf. Is 7,14) conduz seus seguidores até a realização plena
de seu reinado, o “cumprimento de toda a justiça” (3,15), missão
confiada pelo Pai em seu batismo (3,13-17) e que proporciona novas
relações de comunhão e fraternidade.
A
leitura do livro do Deuteronômio convida-nos a reconhecer a presença
salvadora do Deus solidário junto ao povo oprimido. Apresenta um
resumo da história de Israel desde o Horeb até o Jordão. A partir
desse contexto (4, 32-40), na perspectiva de Isaías 40-55, mostra
que o povo exilado na Babilônia procura fortalecer sua fé no
Senhor, como o Deus único e verdadeiro e celebrá-Lo através do
culto. A contemplação da história salvífica “desde o dia em que
Deus criou o ser humano sobre a terra” (4,32) leva a reconhecer que
o Senhor é o Deus próximo que estabelece a aliança e caminha com o
povo. Diante das maravilhas da salvação, o povo compromete-se a
guardar os mandamentos do Senhor e meditá-lo no coração.
O
Salmo 32 (33) é um hino de louvor a Deus por sua palavra e ação,
que se manifesta na criação e na caminhada do povo. Em Jesus
Cristo, a palavra criadora e eterna do Pai, o projeto salvífico
universal de Deus Para toda a humanidade chegou à plenitude.
A
leitura da carta aos Romanos reflete sobre a vida nova no Espírito,
que nos torna filhos e herdeiros de Deus em Cristo. Por meio do
Batismo recebemos o espírito de filhos, que nos possibilita chamar a
Deus de Abba, expressão aramaica que Jesus utiliza para falar com o
Pai (Mc 14, 36), assim como as crianças se dirigiam carinhosamente
aos pais. Como filhos e herdeiros, conduzidos pelo Espírito que
liberta, somos impelidos a testemunhar a vida em Cristo mediante
relações de misericórdia e solidariedade.
Paulo,
na Carta aos Romanos, escrita por volta do ano 57 ou 58, durante sua
terceira viagem missionária, sublinha que a salvação é dom
gratuito do amor de Deus. Diante da fragilidade do ser humano
(1,18-3,20), Deus revela sua bondade que salva através de Jesus
Cristo (3,21-5,11). A adesão ao projeto salvífico leva a participar
da vida nova no Espírito (5,12,8,39), que proporciona a
identificação com Cristo e a experiência de comunhão filial como
Pai.
3.
Atualizando a Palavra
Os
discípulos, iluminados pela Páscoa de Jesus, ensinam a exercer uma
missão universal, destinada a todos os povos, sem preconceitos. Eles
mostram que o ensino e o Batismo, duas fases essenciais da iniciação
cristã, qualificam o ministério a serviço do Reino. O discípulo
era instruído a acolher e praticar as palavras e os gestos de Jesus,
mediante o caminho do catecumenato. O Batismo selava a comunhão do
discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito santo. Jesus promete
estar presente em todos os que seguem seu projeto “até o fim dos
tempos”, até a vinda do Reino de Deus em sua plenitude.
A
Trindade celebra o amor do Pai, manifestado no dom gratuito do Filho
e na ação do Espírito Santo. O Papa Francisco sublinha que a
solenidade da Santíssima Trindade apresenta à nossa contemplação
e adoração à vida divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
vida de comunhão e amor perfeito, origem e meta de todo o universo e
de todas as criaturas em Deus. Na Trindade, reconhecemos também o
modelo da Igreja, à qual fomos chamados para nos amarmos como Jesus
nos amou. O amor é o sinal concreto que manifesta a fé em Deus Pai,
Filho e Espírito Santo. Ele é o distintivo do cristão, como Jesus
nos disse: “Nisto
conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns
aos outros” (Jo
13, 35).
Somos
todos chamados a testemunhar e anunciar a mensagem de que “Deus
é amor”,
que Deus não será distante nem é invisível às nossas
vicissitudes humanas. Ele está próximo de nós sempre ao nosso
lado, caminha conosco partilhando nossas alegrias e dores, esperanças
e desânimos.
Ama-nos
tanto e a tal ponto que se fez homem, veio ao mundo não para julgar,
mas para que o mundo seja salvo por meio de Jesus (Jo 3, 16-17). Este
é o amor de Deus em Jesus, este amor tão difícil de entender, mas
que o sentimos quando nos aproximamos de Jesus. Ele perdoa-nos
sempre, espera-nos sempre, ama-nos muito. O amor de Jesus que
sentimos é o amor de Deus.
O
Espírito Santo, dom de Jesus Ressuscitado, comunica-nos a vida
divina e, deste modo, nos faz entrar no dinamismo da Trindade, que é
amor, comunhão, serviço recíproco e partilha. Uma pessoa que ama
os outros pela própria alegria de amar é reflexo da Trindade. Uma
família na qual todos se amam e se ajudam uns aos outros é um
reflexo da Trindade. Uma paróquia na qual os fiéis se amam e
partilham os bens espirituais e materiais é um reflexo da Trindade.
A Eucaristia é como a “sarça ardente” na qual humildemente a
Trindade habita e se comunica. Por isso a Igreja celebra a festa de
Corpus Christi depois da Trindade.
Relembrando
a fórmula trinitária usada no Batismo cristão “em
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”,
somos chamados a renovar nosso compromisso de comunhão e vida com o
mistério do amor de Deus. Por meio da Palavra e da oração, mas
sobretudo com nossa vida cristã e nosso testemunho, anunciamos a
mensagem libertadora de Jesus que desperta novos discípulos para o
Reino. A ação do Espírito Santo, que recorda as palavras e os
gestos compassivos de Jesus (Jo 14, 16), nos conduz a anunciar o
Evangelho com a ousadia de Paulo que afirma: “Ai
de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor
9,16).
4.
Ligando a Palavra com ação litúrgica
O
amor da Trindade Santa nos gerou para uma vida nova. Mergulhados na
água, fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Inseridos
neste mistério de amor, somos convocados a nos reunir para bendizer
a Santíssima Trindade, como reza a antífona de entrada: “Bendito
seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito
Santo. Deus foi misericordioso para conosco”.
A
oração litúrgica é dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito
Santo. Já iniciamos a celebração em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo. A Trindade Santa nos reúne e nos une na celebração
e na vida. Como afirma a Carta aos Romanos 8,16-17: “O
próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos
filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros,
herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se, de fato, sofremos com
ele, para sermos também glorificados com ele”.
“A
graça do Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo” é
a saudação proposta por Paulo aos cristãos de Corinto que revela
que a Trindade no confere a plenitude dos dons e dos bens necessários
para nossa vida cristã: a graça, o amor e a comunhão.
De
rito em rito, vamos mergulhando no mistério inefável que nos toca e
nos transforma em pessoas novas, ressuscitadas.
Preces
dos fiéis
Presidente:
Louvemos e adoremos nosso Deus e apresentemos confiantes nossos
pedidos e nossas necessidades.
1.
Senhor, que a Igreja possa sempre ser anunciadora da tua bondade e
misericórdia, Tu que és a comunidade perfeita. Peçamos:
T.:
Trindade
Santa, atendei-nos!
2.
Senhor, que os governantes possam ver em cada pessoa humana a imagem
da Trindade, que está em cada um de nós. Peçamos:
3.
Senhor, fortalecei os que sofrem livrando-os sempre do mal. Peçamos:
4.
Senhor, que sois a comunidade perfeita que vive no amor, fazei que
nossa comunidade possa ser reflexo de tua bondade. Peçamos:
5.
Senhor, abençoai todos os nossos dizimistas que colaboram, com tanto
amor, para nossa comunidade. Peçamos:
(Outras
intenções)
Presidente:
Senhor, atendei as preces que teus filhos e filhas apresentam, para
que nossa fé seja vivida sob a proteção de teu amor. Por Cristo,
nosso Senhor.
Todos:
Amém.
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Senhor
nosso Deus, pela invocação do vosso nome, santificai as oferendas
de vossos servos e servas, fazendo de nós uma oferenda eterna. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO:
Presidente:
Possa
valer-nos, Senhor nosso Deus, a comunhão no vosso sacramento, ao
proclamarmos nossa fé na Trindade eterna e santa e na sua
indivisível Unidade. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
V.
RITOS FINAIS
Presidente:
Pai da graça, Trindade Santa, olhai por todos os teus filhos e
filhas, que consagrados pelo batismo, tornem-se templos vivos a vós
dedicados.
Todos:
Amém.
Presidente:
(Abençoa a assembleia e despede a todos com carinho)
Todos:
Amém.
Agenda
de Dom Vilson para Maio/2018
De
21 a 24 – ATUALIZAÇÃO DE PRESBÍTEROS na
cidade de São Pedro, SP.
Dia
25/05 – Sexta-feira:
Missa e Crisma no Santuário Senhor Bom Jesus dos Aflitos, Pe. Vilson
Júnior, às 19h30, em Pirassununga, SP;
Dia
26/05 - Sábado: Missa
e Crisma na Paróquia Santa Rita de Cássia, Pe. Edson Pianca, às
19h00, em Limeira, SP.
Dia
27/05 – Domingo: Missa
e Crisma na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Pe. Amauri, às 09h00,
em Limeira, SP; Missa com as Irmãs Canossianas às 15h00, Ginásio
da Escola, em Araras, SP; Missa e Crisma na Paróquia Santa
Teresinha, Pe. Marcos, às 19h00, em Araras, SP.
Dia
31/05: CORPUS CHRISTI em
Nova Odessa em nível de cidade. Missa na Paróquia Santa Bakhita às
16h00.