DIOCESE DE LIMEIRA - II DOMINGO DA PÁSCOA
Limeira, 28 de abril de 2019
“VIMOS O SENHOR”
Jo 20, 25
LEITURAS: 1ª Leitura: At 5,12-16; Salmo Responsorial: 117 (118),
2-4.22-24.25-27a (R/.1); 2ª Leitura: Ap 1,9-11a.12-13.17-19; e Evangelho: Jo
20, 19-31.
COR LITÚRGICA: Branco ou Dourado.
Neste tempo litúrgico, no espaço celebrativo, tem evidência o
Círio Pascal. Ele recorda-nos a presença de Cristo Ressuscitado, que vive e
atua na comunidade que se reúne para o seu louvor. Também neste Domingo, por
instituição de São João Paulo II, celebra-se desde o ano 2000, o Domingo da
Divina Misericórdia.
ANIMADOR: O Senhor ressuscitou e
vive entre nós, aleluia! Na Eucaristia, a Igreja, comunidade de irmãos,
reúne-se com o Ressuscitado, e fortalece-se para a vivência e o testemunho
autêntico de sua fé. Assim, ela é por excelência o lugar do encontro com Jesus,
que deixa aos seus a sua paz, fruto bendito de sua Ressurreição. Ao celebrarmos
hoje também, o Domingo da Divina Misericórdia, peçamos ao Senhor que nos
ilumine na prática evangélica do amor-misericórdia para com nossos irmãos,
entre os quais os mais fragilizados, de modo que o Cristo seja reconhecido no
meio de nós.
CONTEXTUALIZANDO A PALAVRA
Durante o
Tempo Pascal, à Comunidade cristã é oferecida a oportunidade de aprofundar o
evento da salvação, cuja memória evidencia-se na liturgia desse tempo. O Ritual
de Iniciação de Adultos afirma que o tempo pascal é chamado de “Tempo da
Mistagogia”, pois nele estende-se e vivencia-se os mistérios celebrados na “mãe
de todas as vigílias”, a vigília pascal, tendo, portanto, o seu prolongamento
nas celebrações dominicais.
A própria
antífona de entrada, dirigindo-se aos neófitos, chamados também de “recém
nascidos”, retoma o texto da Primeira Carta de Pedro, remetendo a comunidade ao
novo nascimento celebrado na Noite Santa. Além disso, faz referência não
somente aos novos filhos, mas também aos discípulos e discípulas já batizados
que foram chamados ao reino de Deus, conforme ilumina-nos a segunda antífona,
utilizada para aquelas comunidades que não tem a oportunidade de celebrar a
iniciação na Vigília.
Sabe-se
que a vida nova não é isenta de dificuldades, uma vez que o cristão não é
retirado do mundo pelos sacramentos que celebra, mas tende a situar-se na
realidade que se encontra inserido de uma maneira especial: como comunidade que
aponta e evoca uma realidade nova, mostrando aos demais que a salvação alcançada
em Cristo se realiza e se prolonga naqueles que aderem a Ele, mediante a fé.
Pela
comunhão com os irmãos, pela promoção da justiça e da libertação, pelo cultivo
de utopias e de esperanças de vida e de inclusão, a comunidade dos fiéis
torna-se sinal da Páscoa, sinal da vida nova que Deus quer e preparou para
todos. É possível enumerar vários acontecimentos que confirmam a convivência
entre a realidade e a realização da Páscoa e os fatos e situações que indicam a
direção contrária: violência, medo, fome, miséria, desastres, corrupção e
maldade de todo tipo.
Contudo, o
fiel é chamado a ver além e através dessas realidades: a vitória de Cristo
sobre a morte é também vitória sobre o pecado do mundo e seus efeitos. Os males
que atravessam a nossa existência se tornam para os que vêem, pela fé, sinais
de realidade maior e melhor.
RECORDANDO A PALAVRA
O
evangelho narra-nos a manifestação de Jesus ressuscitado aos discípulos. Alguns
elementos compõem um cenário pascal que indica o clima vivido pela comunidade
de fé: o Domingo (primeiro dia da semana), a comunidade reunida, a alegria e a
paz que Cristo transmite aos seus discípulos.
Duas vezes
Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos: “A paz
esteja com vocês”. O nosso termo “paz” procura traduzir - embora de uma maneira
inadequada - o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que “paz”,
conforme o nosso mundo a compreende. “Shalom”, e palavras derivadas, ocorrem
mais de 350 vezes no Antigo Testamento. Podemos dizer que o Shalom tem dois
aspectos inseparáveis - é dom e desafio para os cristãos. É dom, porque somente
Deus pode dá-la; é desafio, pois tem que ser construído dia após dia na vida
pessoal, familiar, comunitária e social de cada pessoa.
Mas outros
elementos entrecruzam essa experiência, fazendo um inegável contraste: o
anoitecer como sinal das dificuldades vividas, o medo dos judeus, as portas
fechadas, a descrença de alguns membros simbolizada pela falta de fé de Tomé e,
igualmente, o distanciamento da comunidade por parte dos discípulos, o que
gerou dúvida e descrédito sobre os irmãos. Todos esses elementos giram em torno
de testemunho da comunidade.
Ao seu
final, o Evangelho chama a atenção sobre os sinais realizados por Jesus, que
são escritos para suscitar a fé da comunidade. Cabe salientar que estes sinais
não se tratam de milagres, mas como o próprio termo indica, residem em
realidades sensíveis que nos apontam para dimensões invisíveis e superiores.
Nota-se
certa insistência no relato nos sinais da paixão: com forte negação, Tomé exige
tocar os ferimentos das mãos e do lado de Cristo, a fim de crer. Na segunda
manifestação, Jesus o convida a tocar, tal qual exigido, apontando, contudo, o
caminho inverso para a fé: crer sem ver. As chagas são os sinais em questão:
marcas da morte no corpo do Vivente.
Jesus não
lhe nega o desejo de tocar os sinais da paixão, convidando-o a estender as
mãos, mas o exorta a uma fé mais madura. Por trás, se entrevê o drama das
comunidades que já viam morrer as testemunhas oculares, os que conviveram com
Jesus. É possível fazer a experiência da ressurreição sem ter convivido com
Jesus? A resposta é sim, mas assumindo a irrupção da vida nova em meio aos
conflitos do tempo presente.
O
Ressuscitado se deixa tocar e ser reconhecido nas feridas de cruz que remetem à
experiência mais dolorosa e desacreditada. Porém, a experiência da cruz, pela
fé, se torna translúcida, transparente, fazendo ir além de si mesma.
Nessa
proclamação triunfante da divindade de Jesus, o Evangelho terminava (o Capítulo
21 é um epílogo, adicionado mais tarde). No início, João nos informou que “o
Verbo era Deus”. Agora, ele repete essa afirmação e abençoa todos os que a
aceitam baseados na fé! A meta do Evangelho foi alcançada: mostrar a divindade
de Jesus, para que acreditando, todos pudessem ter a vida n’Ele.
ATUALIZANDO A PALAVRA
Celebrar a
páscoa a cada ano terá sempre sabor de novidade, pois impele a descobrir, no
dia a dia da existência, razões para prosseguir adiante, olhando com a fé e
atentamente os acontecimentos mais dolorosos e desacreditados como sinais da
Páscoa. O grande sinal da manifestação de Jesus Ressuscitado à comunidade tem
em vista a fé.
Mas a fé,
que foi transmitida pela Igreja, não nega a existência, os obstáculos, os
desafios. E estes, longe de obscurecer a percepção da Páscoa, devem servir para
fortalecer a convicção da ressurreição. Todavia tal caminho não se faz no
isolamento e sim na comunhão.
A fé tem a
ver com a Igreja, reunião daqueles que foram escolhidos para o testemunho e
para a vida nova. Distante da comunidade só restará a dúvida e a incapacidade
de reconhecer nas coisas mais humanas e quotidiana a manifestação do Senhor.
Em tempos
de ofertas religiosas de mercado, os espetáculos e as manifestações milagreiras
tendem a desenraizar a experiência de Deus. Valem as “curas”, os choros, os
arrepios, as emoções movidas por supostas adivinhações ou “revelações”
misteriosas. Ninguém olha para as próprias feridas e para as feridas alheias
para reconhecer a vida secreta que nelas habita.
Os
obstáculos e desafios não servem mais para fortalecer e serem abraçados como
cruz do discipulado. São evitados. As doenças, a pobreza, e as injustiças não
são confrontadas à luz da fé. Aceita-se a indiferença, sem qualquer perspectiva
de solidariedade, de profetismo, de luta em vista de uma transformação.
A Páscoa
nos convida para algo mais: para a luz que brilha na noite, para a palavra que
recria, para vida que emerge das águas, para o pão que cria vida ao ser
partido. A fé está enraizada na vida; a existência faz seu húmus. A
Ressurreição eleva aquilo que a encarnação assumiu.
LIGANDO A PALAVRA COM A AÇÃO LITÚRGICA
O rito da
comunhão é bem mais que o alimentar-se do pão e do vinho. Implica movimento,
deslocamento do seu lugar para o lugar de Cristo, o altar. É canto que
explicita o gesto de entrega servil e amorosa. Realiza o corpo eclesial, a
união com Cristo, a Deus.
A antífona
de comunhão deste domingo, que deveria ser assumida como refrão do canto de
comunhão, retoma a ordem de Jesus para Tomé: “Estende a tua mão, toca o lugar
dos cravos, e não sejas incrédulo, mas fiel, aleluia!”.
É
exatamente isso que realiza cada fiel que toma parte na comunhão eucarística: estende
a mão, não para tocar o lugar dos cravos, mas os sinais da paixão: pão e vinho.
Não apenas os tocam, recebendo-os, mas deles se nutrem. Na alimentação, os
sentidos do paladar e do tato estão intimamente ligados: toma-se pelas mãos e
leva-se a boca para comer e beber. Tomai e comei é ordem explícita de Jesus.
Os sinais
da paixão fizeram-se alimento na celebração da eucaristia. São assimilados para
nutrir a fé. O evangelho narrado se prolonga no rito da comunhão. Tomé é cada
cristão que obedientemente cumpre o mandato do Senhor, fazendo sua memória:
”façam isto!”.
ORAÇÃO DA ASSEMBLEIA
PRES.: Irmãos e irmãs, na
comunidade reunida torna-se manifesta a presença do Senhor que nos deixa como
fruto de sua Ressurreição a alegria e a paz. Em nossas preces, peçamos ao
Ressuscitado que a participação em seu mistério, nos inspire na promoção da paz
e no feliz anúncio de sua Boa Nova:
R/. Senhor, dai-nos a vossa paz e vossa alegria!
01. Pela Igreja, para que, dispersa por toda a terra, possa
testemunhar como os primeiros discípulos a Ressurreição do Senhor e anunciar as
maravilhas deste encontro, rezemos.
02. Por nossos pastores: o Santo Padre o Papa Francisco, por nosso
Bispo Dom Vilson e por todo Clero, para que, dóceis ao apelo do Ressuscitado,
dediquem-se ao serviço do rebanho que lhes foi confiado, rezemos.
03. Por nossas Paróquias e
Comunidades e por seus agentes pastorais, para que, em meio as dificuldades e
exigências do serviço pastoral, jamais esmoreçam, mas, mantenham-se fiéis e perseverantes,
rezemos.
04. Pelos cristãos perseguidos, para que se sintam sempre amparados
pelas orações da Igreja, rezemos.
05. Por nós que nos reunimos
para a Ceia da Senhor, para que sintamos a presença do Ressuscitado entre nós,
sobretudo no clamor dos marginalizados, rezemos.
PRES.: Senhor Jesus, que após
a Ressurreição, aparecestes aos seus discípulos e oferecestes-lhes a paz,
enviando-lhes como promotores do perdão, inspirai-nos uma fé sempre mais
convicta. Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.
T.: Amém.
LITURGIA
EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS
PRES.: Acolhei,
ó Deus, as oferendas do vosso povo (e dos que renasceram nesta Páscoa), para
que, renovados pela profissão de fé e pelo batismo, consigamos a eterna
felicidade. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
ORAÇÃO
APÓS A COMUNHÃO
PRES.: Concedei, ó Deus onipotente, que conservemos em nossa vida o
sacramento pascal que recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
AVISOS
BENÇÃO SOLENE:
TEMPO PASCAL, p. 523 do Missal Romano.
PRES.: Deus, que pela
ressurreição do seu Filho único vos deu a graça da redenção e vos adotou como
filhos e filhas, vos conceda a alegria de sua benção.
T.: Amém.
PRES.: Aquele que, por sua
morte, vos deu a eterna liberdade, vos conceda, por sua graça, a herança
eterna.
T.: Amém.
PRES.: E, vivendo
agora retamente, possais no céu unir-vos a Deus, para o qual, pela fé, já
ressuscitastes no batismo.
T.: Amém.
PRES.: Abençoe-vos
Deus todo-poderoso, Pai e Filho + e
Espírito Santo, Aleluia, Aleluia.
T.: Amém, Aleluia, Aleluia!
PRES.: Ide, em paz e o Senhor
vos acompanhe, Aleluia, Aleluia!
T.: Graças a Deus, Aleluia, Aleluia!