Eucaristia: O Sacramento do Alimento
O alimento para a vida do homem é essencial, ninguém
vive bem sem se alimentar diariamente. A nossa vida é rodeada de afazeres, e
precisamos estar bem preparados fisicamente para cumprir as nossas obrigações
diárias, ou seja, como diz aquele ditado: "Saco vazio não pára em
pé".
Existe também outro tipo de alimento, aquele que não
cuida do físico, mas sim do espiritual, seu nome é Eucaristia.
A Eucaristia é próprio Corpo e Sangue de Cristo
presentes no Pão e no Vinho consagrados. Vamos agora passar a conhecer um pouco
mais sobre esse Sacramento que é tão importante para todos nós que somos Filhos
de Deus.
O Sacramento da Eucaristia é um Sacramento de
Iniciação Cristã (junto com o Batismo e a Crisma), como já foi dito, sua função
é nos alimentar espiritualmente, ajudando em nossa caminhada rumo à Vida
Eterna.
Muitos pensam que os Sacramentos são obras
eclesiásticas, ou seja, criadas pela Igreja, mas isso não é verdade, todos os
Sacramentos são sinais da graça de Deus que são expressos sem sombra de dúvidas
na Palavra de Deus. Por exemplo: a presença de Jesus no Pão e no Vinho é bem
explicada nas Escrituras que relatam a última refeição de Cristo com os
Apóstolos: A Santa Ceia.
Veja abaixo algumas palavras que Jesus disse aos
seus apóstolos:
"Durante a refeição, Jesus tomou o pão e,
depois de benzê-lo, partiu-o e deu-lhe, dizendo: 'Tomai, isto é o meu corpo'.
Em seguida, tomou o cálice em suas mãos, deu graças e o apresentou, e todos
deles beberam. E disse-lhes: 'Isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna
aliança que será derramado por vós e por todos. Em verdade eu vos digo: já não
bebereis do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino
de Deus'" (Mc 14,22-25).
Através das palavras de Cristo, podemos perceber a
firmeza de suas palavras. Ele não disse que o Pão simbolizava a sua carne, mas
é verdadeiramente a sua carne. Não disse também que o vinho representava o seu
sangue, mas é verdadeiramente o seu sangue.
Jesus disse também: "Eu sou o pão da vida:
aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá
sede" (Jo 6,35). Quem recebe o Cristo, com a convicção que realmente Jesus
está presente na Hóstia Consagrada, tem a benção de estar sempre saciado de graças
vindas Dele.
Quando comungamos, nos transformamos em verdadeiros
Sacrários, por isso é importante deixar bem limpo o lugar em que Jesus vai
habitar. É através da Confissão que limpamos o nosso ser, recebendo a
absolvição de nossos pecados.
Podemos então concluir que a Eucaristia, que
significa "Ação de Graças" é o alimento da alma. Através dele
passamos a caminhar com mais força rumo à Salvação. O importante é comungar com
a convicção que Jesus é o Sacramento da Eucaristia, que é um grande presente Dele
a nós.
A Real Presença
Sabemos que Nosso Senhor Jesus Cristo está realmente
presente, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no Santíssimo Sacramento, sob a
aparência de pão e vinho. Sabemos disso porque a Igreja nos ensina, e porque a
Bíblia também o diz.
Vejamos:
No capítulo 6 do Evangelho de São João, vemos Nosso
Senhor Jesus Cristo fazendo uma série de coisas preparatórias para o Seu
discurso sobre a Eucaristia: primeiro Ele faz o milagre da multiplicação dos
pães (Jo 6,5-13), mostrando assim Sua capacidade de modificar miraculosamente
as coisas criadas, mais exatamente o pão. Em seguida, Ele caminha por sobre as
água (Jo 6,19-20), mostrando Seu controle sobre o Seu próprio Corpo. Estando
então demonstradas estas Suas capacidades, Ele faz o Seu discurso eucarístico
(Jo 6,27-59).
Ele inicia este discurso afirmando que devemos
buscar não a comida que perece (isto é, os alimentos do dia a dia), mas aquela
que dura até a Vida Eterna, que Ele nos dará (Jo 6,27). Em seguida Ele trata do
maná, prefiguração da Eucaristia, e afirma com todas as letras que o maná não
era o verdadeiro Pão dos Céus; o verdadeiro Pão dos Céus é Ele (Jo 6,31-40).
Os judeus, porém, não acreditaram, e começaram a
murmurar contra Ele. Ele então reafirma ser Sua Carne o verdadeiro pão dos Céus
(Jo 6,41-51). Os judeus, então, ficam completamente escandalizados, e perguntam
como Ele poderia dar a Sua Carne a comer. Note-se que o verbo que é usado na
pergunta deles, no Evangelho segundo S. João, é o verbo "phagein"
(comer, deglutir). Nosso Senhor então responde reafirmando o que já dissera,
usando, porém palavras ainda mais fortes. Ele diz que quem não comer a Sua
Carne e não beber o Seu Sangue não terá a vida eterna, e afirma que Sua Carne é
verdadeiramente uma comida e Seu Sangue verdadeiramente uma bebida (Jo 6,
52-59). O verbo que é usado nesta resposta não é mais o verbo
"phagein", mas o verbo "trogô", que significa mastigar,
dilacerar com os dentes. Ele está mostrando que não é uma parábola, não é um
simbolismo. É, como Ele diz, "verdadeiramente uma comida" e
"verdadeiramente uma bebida"(Jo 6,55), que deve ser mastigada,
dilacerada com os dentes.
Muitos daqueles que O seguiam, então, não suportaram
as palavras de Nosso Senhor. Ele, porém, não retirou o que dissera. Afirmou, ao
contrário, que é o "espírito" (as palavras que dissera - Jo 6,60-65)
que vivifica, não a "carne" (as opiniões das pessoas apegadas ao
mundo). Muitos dos que antes O seguiam, então, se retiraram e não mais andaram
com Ele, por não suportarem Seu ensinamento sobre a Eucaristia. Note-se, como
curiosidade, que o versículo que conta isso (Jo 6,66) é o único versículo
"666" de todo o Novo Testamento...
Os Apóstolos também receberam então de Nosso Senhor
um ultimato: ou aceitavam Suas palavras ou iam embora também eles. São Pedro, o
primeiro Papa, falando em nome de toda a Igreja, disse então que não se
afastariam d'Ele.
O Evangelho segundo S. João, onde lemos este belo e
forte discurso do Senhor, é o único Evangelho que não traz a narrativa da
instituição da Eucaristia. Por que isso acontece? Porque S. João o escreveu
muito depois dos outros Evangelhos (por volta do ano 90 d.C.); a narração da
instituição da Eucaristia já era conhecida por todos os cristãos. Era, porém,
necessário reafirmar a verdadeira Doutrina ensinada por Cristo acerca de Sua
Carne e Seu Sangue, pois havia já naquele tempo hereges que negavam o valor da
Eucaristia. A estes respondia S. João.
Nas narrativas da instituição da Eucaristia (Mt
26,26s; Mc 14,22s; Lc 22,19s; I Cor 11,23s) vemos que Nosso Senhor disse que o
Pão e o Vinho são Seu Corpo e Seu Sangue (“Isto é Meu Corpo; Isto é o cálice do
Meu Sangue”.). Teria sido perfeitamente possível, dada à riqueza da sofisticada
língua grega em que foram escritos os Evangelhos, escrever "isto
significa", ou "isto representa". Não é, porém isto o que está
escrito. Está escrito que "isto é" o Corpo e o Sangue de Cristo. Esta
é também, evidentemente, a Fé pregada por São Paulo, quando escreve aos
Coríntios que "todo aquele que comer o pão ou beber do cálice do Senhor
indignamente, tornar-se culpado do corpo e do sangue do Senhor... Pois quem
come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação”
( I Cor 11,27-29 ).
É evidente que o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus
Cristo é um acontecimento único, que não precisa jamais ser repetido. Na Santa
Missa, não há repetição do Sacrifício; Nosso Senhor não é imolado de novo. A
Sua imolação única, porém, passa a estar novamente presente, por graça de Deus,
para que possamos, nós também, receber seus frutos quase dois mil anos depois.
Note-se que quando Deus mandou sacrificar o Cordeiro da Páscoa no Egito e
marcar as portas com seu sangue, Ele também mandou comer da carne do Cordeiro
(Ex 12). Ora, o Cordeiro era figura de Cristo, que é o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Não basta o Sacrifício do Cordeiro; temos
também que comer Sua Carne.
Louvado seja sempre Nosso Senhor Jesus Cristo.
Presença Física de Cristo no Santíssimo Sacramento
Um amigo me escreveu perguntando:
Sem querer diminuir em nada ( antes uma boa morte )
a Eucaristia, eu pergunto se e adequado falar de presença "física" de
Jesus na Eucaristia.
Creio que o primeiro problema que nós temos que
enfrentar é a questão de nomenclatura.
O que é física (logo, o que é "presença
física")?
Segundo o nosso bom Caldas Aulete, física é a
"ciência que tem por objeto o estudo das propriedades dos corpos e das
leis que tendem a modificar o seu estado ou movimento, sem, contudo lhes
modificar a natureza", e metafísica a "ciência ou o conjunto das
ciências que estudam a essência das coisas, os primeiros princípios e causa do
que existe”.
Esta divisão vem desde Aristóteles, e convém ser
tida em mente durante esta discussão, que afinal é sobre onde ocorre esta
divisão entre física e metafísica.
Afinal, pelo que pudemos ver acima, a diferença é
que a física ocupa-se basicamente do acidental (as propriedades dos corpos e
seu movimento), enquanto a metafísica ocupa-se do essencial (sua substância, o
que eles são).
As sim a pergunta poderia ser colocada da seguinte
maneira: "Cristo está também acidentalmente no Santíssimo Sacramento, e
como?"
A presença essencial de Cristo no Santíssimo não
está em discussão, evidentemente. Para evitar confusão entre o que é essência e
o que é acidente, esclareçamos a diferença: a essência é o que a coisa é.
Quando perguntamos "o que é isso", respondemos ("pão",
"vinho", "batata"...) dando o nome da essência.
O acidente é a aparência (mais exatamente as
propriedades físicas) da coisa. Assim "ter cara de", "cheirar
como", "ter peso de", "ter consistência de" são
acidentes.
Se nós pegarmos, por exemplo, um ser humano, veremos
que apesar de ser (em essência - "ser" em latim é "essere")
a mesma pessoa aos 2 e aos oitenta anos de idade, ele provavelmente não tem
praticamente nada em comum acidentalmente (mas tem acidentes intrínsecos, como
o fato de ter corpo com aparência, ter peso, etc).
Assim os seus acidentes (peso, aparência, etc.) se
modificaram (se transformaram), mas não a sua essência.
Abrindo um parênteses: um outro exemplo que ajuda a
dirimir simultaneamente algumas dúvidas é o da Igreja. Diz o CVII que a Igreja
de Cristo "subsistit in" a Igreja Católica. O que isto significa?
Significa que a substância da Igreja Católica é a Igreja de Cristo, e à
pergunta "o que é a Igreja Católica?", devemos responder "A
Igreja de Cristo". Em Igrejas cismáticas e em "comunidades
eclesiais" (seitas organizadas de maneira a imitar a Igreja) só há uma
presença acidental da Igreja de Cristo (parece a Igreja, como uma imagem parece
o santo, mas não o é - na Tilma de Nossa Senhora de Guadalupe está uma presença
meramente acidental de nossa Senhora), derivada (como o acidental é derivado do
essencial) da presença essencial que é a Igreja Católica (é por intermédio da
Igreja que um sacramento ministrado por cismáticos ou hereges tem efeito, por
exemplo). Fecha parênteses.
No caso da transubstanciação das Sagradas Espécies,
o que ocorre é que a essência se modifica. Essencialmente não há mais pão e
vinho, apenas acidentalmente. Por vezes, por exemplo, em Lanciano, pode haver
também uma mudança acidental, em que além da transubstanciação há também uma
transformação acidental e os acidentes de pão e vinho desaparecem.
A transubstanciação, porém, ocorre de maneira
"espiritual", isto é, não acidental (visível, táctil, etc.), apenas
essencial. Não se trata de ilusão ou de transignificação ("é o corpo e
sangue do Cristo para quem crê e para quem não crê é apenas pão e vinho"),
mas de real transubstanciação, ou seja, mudança de uma essência (pão ou vinho)
em outra (Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo), sem
modificação acidental nas espécies de pão e vinho.
"Espiritual" significa assim "não
acidental".
Ora, isso quereria por acaso dizer que os acidentes
de Nosso Senhor Jesus Cristo não estariam presentes no Santíssimo Sacramento,
mas apenas Sua Essência?
Pelo contrário; diz o Teólogo: "Os acidentes do
Corpo de Cristo estão neste Sacramento por concomitância real, e assim os
acidentes do Corpo de Cristo que Lhe são intrínsecos estão neste
Sacramento." (Summa Theologica, III, 76,5).
Ou seja, Nosso Senhor Jesus Cristo está presente no
Santíssimo Sacramento não apenas de forma essencial, mas também de forma
acidental, concomitantemente com os acidentes do pão e do vinho (que, estes,
não são mais presentes em essência), nos acidentes que Lhe são intrínsecos.
E como pode ocorrer isto, já que um acidente é algo
limitado no tempo e no espaço (ou seja, é uma característica de um corpo que
pode ser percebida, medida, etc.)?
Cristo seria "transportado" dentro do
Santíssimo? Ele estaria contido "dentro" do Santíssimo, logo limitado
no espaço ("Cristo mede cinco centímetros de diâmetro")?!
Não. Ele está presente, como no-lo explica o Teólogo
(ST III, 76,4), também dimensionalmente (acidentalmente, portanto), mas não em
sua maneira própria (o todo no todo e parte na parte - nariz no lugar do nariz
e braço no lugar do braço), sim - miraculosamente - da maneira própria à
substância. A substância não é contida em um determinado lugar nem
"mede" tantos centímetros, mas sim está toda contida no todo e em
cada parte. A substância do ar, por exemplo, está tão presente na atmosfera
como um todo quanto no ar presente em uma caixa fechada.
Assim, Ele não está "contido" no
Santíssimo, nem mede tantos centímetros de diâmetro, mas está lá acidentalmente
de modo concomitante com a presença meramente acidental do pão e do vinho, além
de Sua presença em essência.
Não há um "jesuzinho" de alguns milímetros
(com braço no lugar do braço e nariz no lugar do nariz - o todo no todo e cada
parte em cada parte) dentro de cada partícula nem cada partícula tem apenas
parte do todo (ou seja, Ele não está acidentalmente lá em sua maneira própria),
mas há essencial e acidentalmente Cristo todo inteiro (Corpo, Sangue, Alma e
Divindade) em cada partícula do Santíssimo (logo, na maneira da substância, que
é estar o todo em cada parte e no todo).
Assim, como responder à pergunta original
("Cristo está também acidentalmente no Santíssimo Sacramento, e
como?")?
Cristo está também acidentalmente
("fisicamente") no Santíssimo Sacramento, mas na maneira da
substância, ou seja, sem estar sujeito à divisão ("parte em cada
parte"; ao contrário, está o todo em cada parte). Apesar disso, a Sua
dimensão acidental está presente concomitantemente à dimensão acidental do pão
e do vinho, com a diferença de estar esta segundo a sua maneira própria e
Aquela segundo a maneira da substância.
Assim podemos dizer que Cristo é presente
fisicamente no Santíssimo Sacramento, mas de maneira miraculosa (na maneira da
substância), não afetada, portanto pelos fenômenos físicos que normalmente
afetariam acidentes outros (e afetam os acidentes presentes de pão e vinho, que
se corrompem, etc).
Não podemos, portanto, dizer que Cristo "está
fisicamente presente" no Santíssimo Sacramento se por isso queremos dizer
que Ele está presente na Sua maneira própria (ou seja, retendo as propriedades
próprias aos corpos e obedecendo às leis que tendem a modificar o seu estado ou
movimento).
Eu sugeriria, aproveitando que nossa língua tem esta
deliciosa diferença entre "ser" ("essere" => essência) e
"estar" ("estado" => acidente), dizer que Cristo "é
presente fisicamente no Santíssimo Sacramento" (é presente acidentalmente
- porém na maneira da substância e não em Sua maneira própria - além da
presença essencial), mas não "está presente fisicamente no Santíssimo
Sacramento" (não está presente acidentalmente em sua maneira própria).
Por que Comungamos Somente uma Espécie?
Esta é uma dúvida muito freqüente entre os
católicos. Sua resposta é lógica e muito simples. Vejam:
A Comunhão sob uma ou duas espécies não constitui
essencial diferença já que em cada pedacinho de pão e em cada gota de vinho
consagrados recebemos Jesus inteiro, vivo e ressuscitado; como consta
claramente de suas palavras (Jo 6,51-56): "Eu sou o Pão vivo que desceu do
céu... e o pão que Eu hei de dar é a minha carne... Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue, permanece em Mim e Eu nele".
Claro, não é um pouquinho de carne ou sangue que
recebemos na Santa Comunhão, mas o "EU" de Jesus: a Pessoa do Filho
de Deus Encarnado - nosso Salvador.
Lembremos também, que a Eucaristia é o Corpo Vivo de
Jesus. Por acaso, existe corpo vivo sem sangue? Ou seja, quando recebemos o
Corpo, estamos recebendo Jesus por inteiro. O ato de não recebermos o Sangue, é
somente por praticidade, ou seja, em uma celebração com muitíssimas pessoas
(como é de costume), pode-se correr o risco de um "esbarrão",
causando o derramamento do Sangue de Cristo. Por isso, comungamos normalmente o
Corpo, que representa Jesus inteiro (Corpo, Sangue, Alma e Divindade).
Qual a Origem da Festa de Corpus Christi?
Todos os católicos reconhecem o valor da Eucaristia.
Podemos encontrar vários testemunhos da crença da real presença de Jesus no pão
e vinho consagrados na missa desde os primórdios da Igreja.
Mas, certa vez, no século VIII, na freguesia de
Lanciano (Itália), um dos monges de São Basílio foi tomado de grande descrença
e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para seu espanto, e para
benefício de toda a humanidade, na mesma hora a Hóstia consagrada transformou-se
em carne e o Vinho consagrado transformou-se em sangue. Esse milagre tornou-se
objeto de muitas pesquisas e estudos nos séculos seguintes, mas o estudo mais
sério foi feito em nossa era, entre 1970/71 e revelou ao mundo resultados
impressionantes:
- A Carne e o Sangue
continuam frescos e incorruptos, como se tivessem sido recolhidos no
presente dia, apesar dos doze séculos transcorridos.
- O Sangue encontra-se
coagulado externamente em cinco partes; internamente o sangue continua
líquido.
- Cada porção coagulada
de sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo
peso, não importando se pesadas juntas, combinadas ou separadas.
- São Carne e Sangue
humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do mundo, mas
característico de 95% dos judeus.
- Todas as células e
glóbulos continuam vivos.
- A carne pertence ao
miocárdio, que se encontra no coração (e o coração sempre foi símbolo de
amor!).
Mesmo com esse milagre, entre os séculos IX e XIII
surgiram grandes controvérsias sobre a presença real de Cristo na Eucaristia;
alguns afirmavam que a ceia se tratava apenas de um memorial que simbolizava a
presença de Cristo. Foi somente em junho de 1246 que a festa de Corpus Christi
foi instituída, após vários apelos de Santa Juliana que tinha visões que
solicitavam a instituição de uma festa em honra ao Santíssimo Sacramento. Em
outubro de 1264 o papa Urbano IV estendeu a festa para toda a Igreja. Nessa
festa, o maior dos sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade: a
Redenção.
A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo
dos sofrimentos de Jesus por nós. Mesmo separando seu Corpo e seu Sangue, Jesus
se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É pela Eucaristia,
especialmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica a alma, que tomamos
parte na vida divina, nos unindo a Jesus e, por Ele, ao Pai, no amor do
Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina aqui na terra mostra-nos
claramente a vida que receberemos no Céu, quando nos for apresentado, sem véus,
o banquete da eternidade.
O centro da missa será sempre a Eucaristia e, por
ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação no divino ofício. Aumentando
a nossa devoção ao Corpo e Sangue de Jesus, como ele próprio estabeleceu,
alcançaremos mais facilmente os frutos da Redenção1
A Eucaristia Segundo a Bíblia
Uma só é a Igreja de Cristo: "Sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja" (Mt 16,18), assim como um só é o sacramento do
altar: "O pão que partimos não é a comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez
que há um único pão..." (1Cor 10,16-17).
O objetivo deste pequeno artigo é provar apenas pela
Bíblia (método "Sola Scriptura" dos protestantes) a presença real e
verdadeira do corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus na Eucaristia, uma vez que
tal verdade é negada, justamente por eles.
O objetivo secundário - como se verá - é demonstrar
que o protestantismo, mesmo quando usa seus métodos da Sola Scriptura e livre
exame da Bíblia, escorrega grosseiramente em temas doutrinais vitais que a
Escritura apresenta com clareza tropical.
Todos os argumentos aqui aduzidos serão exarados
unicamente da Sagrada Escritura.
Como introdução, podemos dizer que alma de nossa
santa religião é a Eucaristia, ou seja, que Nosso Senhor Jesus Cristo está
presente total e verdadeiramente sob as aparências eucarísticas do pão e vinho.
Portanto o Cristo Eucarístico guardado nos santos tabernáculos deve ser por nós
adorado, amado e consolado.
Pois bem, os protestantes ensinam que na Eucaristia
("Ceia do Senhor") não se encontra verdadeiramente Jesus Cristo. Mas,
segundo eles, a Eucaristia seria apenas um "símbolo", uma
"imagem figurada", uma "lembrança" do corpo de Cristo.
Portanto Jesus não pode ser adorado na hóstia santa porque ele ali não estaria
presente verdadeiramente. Por isso consideram a adoração eucarística tributada
pelos católicos uma verdadeira idolatria.
Muitas pessoas, por não conhecerem a Bíblia, são
levados a aceitar este tipo de opinião. Para esclarecer dúvidas, neste pequeno
trabalho apresentaremos - se Deus nos consentir - de forma simples, os trechos
bíblicos e alguns comentários sobre a presença real de Jesus Cristo na Sagrada
Eucaristia, conforme nos ensinaram o próprio Senhor Jesus e seus Apóstolos:
No Evangelho Jesus ensina às multidões: "Quem
come minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6, 56
). Ensina claramente que para permanecermos Nele (e Ele em nós), devemos nos
alimentar literalmente de sua carne e de seu sangue. Como pode, porém, o
cristão se alimentar da carne e do sangue de Jesus Cristo? Ele estaria falando
de forma simbólica ou literal? "Pois a minha carne é verdadeiramente uma
comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida" (Jo 6,55). Aí está. A
sua carne é verdadeiramente uma comida, logo, não pode ser
"simbolicamente" uma comida. Os Judeus, que naquele momento estavam
ouvindo o ensinamento de Jesus entenderam muito bem que Jesus estava falando
literalmente de seu corpo e sangue físico, pois exclamaram admirados:
"Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?" (Jo 6,52). Os
seus próprios Apóstolos também entenderam que Cristo não estava falando em
linguagem figurada, pois comentaram entre si: "Essa palavra é dura! Quem
pode escutá-la?" (Jo 6,60).
A declaração de que nos daria em alimento seu
próprio corpo e sangue causou muita admiração e assustou muito os seguidores de
Cristo, por este motivo "muitos discípulos voltaram atrás e não andavam
mais com ele" (Jo 6,66). Quem afirmar que Jesus nestes trechos do
evangelho estava falando apenas de maneira figurada está indelicadamente
afirmando que Jesus não sabia se expressar direito, pois todos os seus
ouvintes, pelas suas reações, entenderam que ele estava falando de maneira
literal.
Para que ninguém ainda tivesse dúvidas a respeito
deste ensinamento, Jesus também declarou: "Eu sou o pão vivo que desceu do
céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu hei de dar é a
minha carne para a salvação do mundo" (Jo 6,51). Ele é o pão da vida que
desceu dos céus, como outrora o maná no deserto (Ex 16,15). Afirma que este pão
descido dos céus é a sua carne. Afirma que esta carne será dada (instituída
mais tarde) em alimento para a salvação do mundo (para todos os homens e para
todos os tempos).
A respeito da Santa Eucaristia, Jesus Cristo também
ensinou: "É necessário que vos empenheis não para obter esse alimento
perecível (o pão comum), mas o alimento que permanece para a vida eterna (a
Eucaristia), o qual o filho do homem vos dará (instituirá mais tarde)" (Jo
6,27). Ou seja, é importante trabalhar para obter o pão de cada dia. Mas é mais
necessário dar importância ao pão eucarístico, porque este produz fruto
"para a vida eterna".
Na Quinta Feira Santa, segundo São Mateus, disse o
Senhor Jesus: "Tomai e comei isto é o meu corpo (...) isto é o meu
sangue" (Mt 26,26-28); Marcos narra em seu evangelho: "Isto é o meu
corpo (...) isto é o meu sangue" (Mc 14,22-24); Lucas, não destoa dos
outros: "Isto é o meu corpo (...) este cálice é a nova aliança em meu
sangue" (Lc 22,19-20); Em nenhum lugar Jesus diz que aquele
"pão" e aquele "vinho" são um símbolo, ou uma representação
figurada do seu corpo e sangue. Mas afirma repetidamente: "isto é o meu corpo...
isto é o meu sangue". O apóstolo São Paulo escrevendo aos católicos de
Corínto ensina a mesmíssima coisa. Escreve ele que o Senhor Jesus na última
ceia disse: "Isto é o meu corpo (...) este cálice é a nova aliança no meu
sangue" (1Cor 11,24-25). Pode-se ler estas palavras em qualquer Bíblia, em
qualquer língua, em qualquer lugar. O mesmo apóstolo, na mesma epístola,
confirma o que todos os cristãos já naquele tempo acreditavam. Escreve ele:
"O cálice que tomamos não é a comunhão com o sangue de Cristo? O pão (...)
não é a comunhão com o corpo de Cristo?" (1Cor 10,16). Ele não diz:
"O cálice que tomamos não é uma "lembrança" do sangue de
Cristo?". Mas sim: o cálice que tomamos "É" a comunhão com o
sangue de Cristo. E mais adiante exorta os fiéis que com pouca fé na presença
real de Jesus Cristo na Eucaristia, tomavam-na sem se prepararem adequadamente:
"Cada um, portanto, se examine antes de comer desse pão e beber deste
cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir (sem reconhecer) o corpo do
Senhor, come e bebe a própria condenação. Eis porque há entre vós tantos
doentes e aleijados, e vários morreram" (1Cor 11,28-30). Ensina claramente
nestes versículos, que aquele que não discerne (não reconhece) a presença real
de Jesus Cristo sob as espécies de pão e vinho, acaba por comer indignamente da
Eucaristia. E afirma que, como conseqüência do pecado de não reconhecer (não
discernir) o Corpo de Cristo na Eucaristia e comungar indignamente, muitos
estão doentes e até mesmo morreram na comunidade de Corinto. Não se entenderia
esta veemência e santo temor do apóstolo São Paulo sobre a dignidade da
Eucaristia, se a mesma fosse apenas uma "lembrança", um "símbolo",
uma "representação figurada" do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo.
Porque, cargas d'água, o Senhor Deus fulminaria com doenças e paralisias e
mesmo com a morte, um pobre e distraído fiel que despreparadamente consumia um
pedaço de pão, se este fosse apenas uma "lembrança" do corpo de
Cristo?
Mas, a esta altura, talvez um curioso leitor esteja
se perguntando: em meio a tantas declarações claras das Escrituras a respeito
da presença real, porque os protestantes que propagandeiam tão ruidosamente o
princípio da Sola Scriptura insistem em descrer que Cristo esteja presente
literalmente na Sagrada Eucaristia? Mas isto tem uma explicação psicológica
interessantíssima: a Eucaristia e o Sacerdócio tem uma interdependência
verdadeiramente admirável. Celebra a Eucaristia o Sacerdote legitimamente
ungido para isto. O Sacerdócio por sua vez não tem razão de ser, se não se
celebra o Sacrifício Eucarístico. Portanto, os protestantes ao se desligarem do
sacerdócio católico, inconscientemente sentem que não tem autoridade para
celebrar eficazmente a Eucaristia. O sacerdócio católico está diretamente
ligada à Eucaristia. Portanto, quem nega a eficácia do sacerdócio, também se vê
obrigado a negar a existência da presença real.
Fato admirável: em nenhum versículo de toda a Sagrada
Escritura a Eucaristia nos é apresentada como um "símbolo". Fato mais
admirável ainda: todos os documentos que nos chegaram da antigüidade cristã,
bem como os escritos dos Santos Padres atestam a perenidade da doutrina que
afirma a presença real de Cristo na Eucaristia. Esta é a verdadeira doutrina
ensinada por Jesus e pelos apóstolos e acolhida pela Igreja Católica há vinte
séculos.
A advertência é seríssima: "Se não comerdes a
carne do filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós"
(Jo 6,53).
Agora finalizando... um convite para todos os
católicos: aprendam sobre a sua Igreja, nunca se cansem de conhecê-la. Pois só
se ama o que se conhece. E conhecendo-a, verás como teu amor por ela se inflama
indefinidamente. Não se deixem levar por qualquer palrador. Pesquisem a fé dos
antigos cristãos, e vejam se esta não é a fé da Igreja de hoje.
Descubram admirados, o que descobriu o célebre
historiador inglês (não católico) GIBBON: "Foi-me impossível resistir ao
peso da evidência histórica que mostra como em todo o período dos quatro
primeiros séculos da Igreja, já eram admitidos, em teoria e em prática, os
pontos principais das doutrinas do Papado" ( cf.: E. GIBBON, "Memoirs
of my life and writings" na "Miscellaneous Works of E. Gibbon",
Londres, 1837, pp 28-29).
Contemple também, caro irmão, a babel que se tornou
o protestantismo: 20.000 seitas só nas Américas! Todo dia proliferam, qual
cogumelos após as chuvas, por todos os lados. Lutero, Calvino & cia., ao
advogar o livre exame (ou seja, cada crente é suficiente e
"iluminado" para interpretar livremente a Bíblia, e daí retirar a
doutrina que achar mais plausível) e o princípio da Sola Scriptura (somente a
Bíblia é suficiente para ditar normas doutrinárias e morais), desmoronaram toda
certeza a respeito da Eucaristia e outras certezas doutrinárias. Vivemos para
testemunhar o cumprimento da profecia: "Haverá entre vós falsos doutores,
que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas" (2Ped 2,1).
O próprio Lutero, muitos anos após iniciar sua
heresia, reconhecia num momento de lucidez: "Devemos confessar a verdade:
no papismo encontra-se a palavra de Deus, a missão apostólica, o verdadeiro
batismo, o verdadeiro sacramento do altar, as verdadeiras chaves para a
remissão dos pecados, o verdadeiro catecismo... E quanto à Sagrada Escritura e
ao púlpito, é dos papistas que as tomamos; sem o papismo que saberíamos
nós?" (cf.: Tomo IV, p. 227, b.ed. De Wittemb, 1551).
O Pão da Vida
"O Senhor alimentou o seu povo com a flor do
trigo e com o mel do rochedo o saciou" (Sl 80,17).
Sim, Deus alimentou com o maná o seu povo peregrino,
à caminho da terra prometida. Podemos ver quem é este povo à caminho, podemos
entender qual é a terra prometida, mas não é tão simples entender bem o que
significam as palavras de Cristo: "Não foi Moisés que vos deu o pão vindo
do céu, mas meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão procedente do céu, pois o pão
de Deus é o que desce do céu e dá a vida ao mundo. Eu sou o pão vivo que desceu
do céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a
minha carne para a vida do mundo... pois minha carne é verdadeiramente comida e
meu sangue é verdadeiramente bebida" (Jo 6,32-54).
Sim! Somos povo peregrino, Igreja militante, à
caminho da terra definitiva. Isto é fácil de entender. Como entender, porém,
que o pão vivo, o nosso maná, é verdadeiramente o corpo de Cristo? Quando a
vista o tato e o gosto se põem a avaliar a presença de Cristo na Eucaristia,
falham totalmente: vêem aparências externas; percebem a cor, o gosto, o odor, a
forma, a quantidade. Falta-lhes o dado da fé1, que se apoia nas
palavras de Jesus e na Tradição da Igreja (o legado dos ensinamentos dos
apóstolos que se traduziu na vivência dos primeiros cristãos).
A Igreja ensina que Cristo se torna presente no pão
e no vinho pela conversão de toda a substância do pão e do vinho no corpo e
sangue de Cristo. Ficam as aparências sim, mas a substância, o ser, aquilo que
a coisa é aos olhos do Criador2, passa a ser a substância do corpo e
do sangue de Cristo. É por isso que a Igreja chama de Transubstanciação, o
milagre à que assistimos durante a consagração. São necessários alguns
conceitos de Filosofia e Teologia para conseguir uma pequena centelha de
entendimento. Contentemo-nos com a fé que nos diz que Deus, que pode criar e
aniquilar, pode também transformar uma coisa em outra.
Cristo está presente na Sagrada Eucaristia com o seu
Corpo, com o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Vivo! Inteiro! Em
cada mínima migalha de pão ou gotícula de vinho (por isso muitos preferem
comungar direto na boca, para que não se perca uma só partícula. Como estamos
cuidando da forma com que comungamos?) O sabemos bem, nós que tivemos a honra
de cuidar do paninho usados pelos sacerdotes para limpar a patena e secar o
cálice - o sanguíneo - repetindo por três vezes, com reverência e carinho, o
ato de molhá-lo em água limpa e derramar a água em um vaso com flores!
Difícil entender o que Cristo fez? Não, se pensamos
nos artifícios à que recorremos quando temos que partir, deixando alguém a quem
amamos. Deixamos fotos, pedaços de cabelo, cartas, folhinhas e pétalas dentro
de livros. O que faríamos se pudéssemos deixar um pedaço de nós mesmos, vivo? E
se, como Deus que tudo pode, pudéssemos ir e ficar ao mesmo tempo? Pois é, Ele
pode, Ele quer, e assim o faz.
Como nos trinta anos de sua vida com Maria,
permanece oculto. "Prisioneiro do amor"3. Quando te
aproximares do sacrário, pensa que Ele há vinte séculos te espera. Aí o tens: É
Rei dos Reis, e Senhor de Senhores. Está escondido no pão. Humilhou-se até esse
extremo por ti!4
Como cuidamos dEle em nossas igrejas? Passamos por
elas sem visitá-lo? Como cuidamos dos objetos litúrgicos que entram em contato
com Ele? Como é que o tratamos no sacrário? Como nos vestimos para ir ter com
nosso Rei? Como é que o tratamos na comunhão, este momento tão especial? Temos
a intimidade de quem o conhece pelas passagens do evangelho, pela oração, e
pelos encontros assíduos na Eucaristia? Fazemos de nossa caminhada até o altar,
e desde o altar, após recebermos a hóstia, uma verdadeira procissão? Reservamos
um tempo suficiente para esta conversa íntima, mesmo após a Missa, sabendo que
Ele permanece em nós até que nosso organismo deteriore as espécies
sacramentais?
Vamos recorrer às palavras de São Tomás de Aquino
após a comunhão, abraçados a nós mesmos, como que abraçando a quem carregamos
conosco, aprofundando na adoração a Ele:
ADORO-VOS COM
DEVOÇÃO, DEUS ESCONDIDO,
QUE SOB ESTAS APARÊNCIAS ESTAIS PRESENTE.
A VÓS SE SUBMETE MEU CORAÇÃO POR INTEIRO,
E AO CONTEMPLAR-VOS SE RENDE TOTALMENTE.
A VISTA, O TATO,
O GOSTO, SOBRE VÓS SE ENGANAM,
MAS BASTA O OUVIDO PARA CRER COM FIRMEZA.
CREIO EM TUDO O QUE DISSE O FILHO DE DEUS,
NADA MAIS VERDADEIRO QUE ESTA PALAVRA DE VERDADE.
NA CRUZ ESTAVA
OCULTA A DIVINDADE,
MAS AQUI SE ESCONDE TAMBÉM A HUMANIDADE;
CREIO, PORÉM, E CONFESSO UMA E OUTRA,
E PEÇO O QUE PEDIU O LADRÃO ARREPENDIDO.
NÃO VEJO AS
CHAGAS COMO AS VIU TOMÉ,
MAS CONFESSO QUE SOIS O MEU DEUS.
FAZEI COM QUE EU CREIA MAIS E MAIS EM VÓS,
QUE EM VÓS ESPERE QUE VOS AME.
Ó MEMORIAL DA
MORTE DO SENHOR!
PÃO VIVO QUE DAIS A VIDA AO HOMEM!
QUE A MINHA ALMA SEMPRE DE VÓS VIVA,
E QUE SEMPRE LHE SEJA DOCE O VOSSO SABOR.
BOM PELICANO*,
SENHOR JESUS!
LIMPAI-ME A MIM IMUNDO, COM O VOSSO SANGUE,
SANGUE DO QUAL UMA SÓ GOTA
PODE SALVAR O MUNDO INTEIRO.
JESUS, A QUEM
AGORA CONTEMPLO ESCONDIDO,
ROGO-VOS QUE SE CUMPRA O QUE TANTO ANSEIO:
QUE AO CONTEMPLAR-VOS FACE A FACE,
SEJA EU FELIZ VENDO A VOSSA GLÓRIA. AMÉM.
(*)Obs.: baseado na lenda na
qual os pelicanos ressuscitavam seus filhotes rasgando o próprio peito e
dando-lhes o próprio sangue.
1"Falar com Deus", Francisco Fernadez Carvajal.
2Idem.
3Josemaria Escrivá de Balaguer.
4"Caminho", Josemaria Escrivá de Balaguer, ed. Quadrante.
Jesus nos Deixa uma Herança
"Durante a refeição, Jesus tomou o pão e,
depois de benzê-lo, partiu-o e deu-lho, dizendo: 'Tomai, isto é o meu corpo'.
Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam.
E disse-lhe: 'Isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que é
derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados. Fazei isto em
memória de mim."
A passagem do Evangelho lido acima, nos relata a
refeição que Jesus fez com os apóstolos bem perto do momento em que ia ser
entregue aos príncipes do sacerdote para morrer crucificado. Naquele momento,
Jesus nos deixa uma herança: a Eucaristia, ou seja, o seu Corpo e o seu Sangue
presente no pão e no vinho para ser comigo e bebido por todos, para a remissão
dos pecados.
Essa é uma das grandes graças que Jesus nos
proporciona, onde nós pecadores, temos a honra de comer o corpo de Jesus Vivo
no pão e beber o Sangue de Jesus Vivo no vinho.
Junto com a Eucaristia, Jesus funda no mesmo momento
o sacramento da Ordem, onde pede: "Fazei isto em memória de mim".
Ordenando a todos os apóstolos da época e os sacerdotes de hoje, a cumprirem o
mesmo gesto que realizou na última ceia em sua memória, para que nós que hoje
somos seus seguidores, possamos experimentar o Cristo Vivo em nosso ser.
É uma grande satisfação para mim saber que a Eucaristia
é a herança eterna de Jesus por nós. Onde o mesmo Cristo que se entregou à
morte para nossa Salvação, continua se entregando através do Vinho e do Pão.