O mistério da Santíssima Trindade é o mistério
central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto,
a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o
ensinamento mais fundamental e essencial na “hierarquia das verdades de fé”.
“Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos
quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela,
reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado”.
O Começo da História da Salvação
“No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Com essas solenes
palavras inicia-se a Sagrada Escritura. A criação é o fundamento de “todos os desígnios salvíficos de Deus”, “o começo da
história da salvação”, que culmina em Cristo.
Oposição entre a Salvação em Cristo e morte pelo pecado
São Paulo o afirma: “Pela desobediência de um só
homem (Adão), todos se tornaram pecadores” (Rm 5,19). “Como por meio de um só
homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, assim a morte passou
para todos os homens, porque todos pecaram...” (Rm 5,12). À universalidade do
pecado e da morte o Apóstolo opõe a universalidade da salvação em Cristo:
“Assim como da falta de um só resultou a condenação de todos os homens, do
mesmo modo, da obra de justiça de um só (a de Cristo), resultou para todos os
homens justificação que traz a vida” (Rm 5,18).
Saída do Egito – Libertação do Pecado
Na História da Salvação,
Deus não se contentou em libertar Israel da “casa da escravidão” (Dt 5,6),
fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre
uma ofensa feita a Deus, só Ele pode perdoa-lo. Por isso Israel, tomando
consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poderá mais
procurar a salvação a não ser na invocação do Nome do Deus Redentor.
No Mistério Pascal, Cristo realiza a obra da
salvação
No Símbolo da Fé, a Igreja confessa o mistério da
Santíssima Trindade e seu “desígnio benevolente” (Ef 1,9) sobre toda a criação:
o Pai realiza o “mistério de sua vontade” entregando seu Filho bem-amado e seu
Espírito para a salvação do mundo e para a glória de seu nome. Este é o
mistério de Cristo, revelado e realizado na história segundo um plano, uma
“disposição” sabiamente ordenada que São Paulo denomina “a realização do
mistério” (Ef 3,9) e que a tradição patrística chamará de “Economia do Verbo
Encarnado” ou a “Economia da Salvação”.
“Esta obra da redenção humana e da perfeita
glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas divinas operadas no
povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo
Mistério Pascal de sua bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos e
gloriosa ascensão. Por este mistério, Cristo, ‘morrendo, destruiu nossa morte, e
ressuscitando, recuperou nossa vida’. Pois do lado de Cristo adormecido na cruz
nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja”. Esta é a razão pela qual, na
liturgia, a Igreja celebra principalmente o Mistério Pascal pelo qual Cristo
realizou a obra da nossa salvação.
É este mistério de Cristo que a Igreja anuncia e
celebra em sua liturgia, a fim de que os fiéis vivam e dêem testemunho dele no
mundo.
Aliança com Noé e a História da Salvação a
partir de Abraão
Desde o começo, Deus abençoa os seres vivos,
especialmente o homem e a mulher. A aliança com Noé e com todos os seres
animados renova esta benção de fecundidade, apesar do pecado do homem, por
causa do qual a terra é “amaldiçoada”. Mas é a partir de Abraão que a benção
divina penetra a história dos homens, que caminhava para a morte, para fazê-la
retornar à vida, à sua fonte: pela fé do “pai dos crentes” que acolhe a benção,
inaugura-se a história da salvação.
As bênçãos divinas manifestam-se em eventos
impressionantes e salvadores: o nascimento de Isaac, a saída do Egito (Páscoa e
Êxodo), o dom da Terra Prometida, a eleição de Davi, a presença de Deus no
templo. A lei, os profetas e os salmos, que tecem a liturgia do povo eleito,
lembram essas bênçãos divinas e ao mesmo tempo lhes respondem mediante as
bênçãos de louvor e de ação de graças.
O Cálice da Salvação
Na comunhão,
precedida pela oração do Senhor e pela fração do pão, os fiéis recebem “o pão
do céu” e “o cálice da salvação”, o Corpo e o Sangue de Cristo, que se entregou
“para a vida do mundo” (Jo 6,51). Porque este pão e este vinho foram, segundo a
antiga expressão, “eucaristizados”, “chamamos este alimento de Eucaristia, e a ninguém é permitido
participar na Eucaristia senão àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos
ensinamentos e tendo sido purificado pelo Batismo para a remissão dos pecados e
para o novo nascimento, levar uma vida como Cristo ensinou”.
A Salvação adquirida no Batismo
Jesus convida á conversão. Este apelo é parte
essencial do anúncio do Reino: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1,15).
Na pregação da Igreja este apelo é feito em primeiro
lugar aos que ainda não conhecem a Cristo e seu Evangelho. Além disso, o
Batismo é o principal lugar da primeira e fundamental conversão. É pela fé na
Boa Nova e pelo Batismo que se renuncia ao mal e se adquire a salvação, isto é,
a remissão de todos os pecados e o dom da nova vida.
Liberdade e Salvação
Por sua gloriosa cruz, Cristo obteve a salvação de
todos os homens. Resgatou-os do pecado que os mantinha na escravidão. “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Nele comungamos da “verdade que
nos torna livres”. O Espírito Santo nos foi dado e, como ensina o apóstolo,
“onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3,17). Desde
agora participamos da “liberdade da glória dos filhos de Deus”.
Os Dons do Espírito e a Salvação de outros
A graça é antes de tudo e principalmente o dom do
Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente
os dons que o Espírito nos concede, para nos associar à sua obra, para nos
tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do
corpo de Cristo, a Igreja.
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